Mais uma tragédia envolvendo o transporte de animais vivos. Quase 16 mil ovelhas morreram durante o naufrágio da embarcação Al Badri 1. No domingo, 12/06, o navio estava chegando ao porto de Suakin, no Mar Vermelho, no Sudão, na costa da África. Toda a tripulação sobreviveu, mas as 15.800 ovelhas que estavam a bordo se afogaram. Apenas cerca de 700 foram retiradas a tempo, mas estavam bastante debilitadas e não se sabe se irão sobreviver.
Há temor agora de um impacto ambiental no mar da região, não somente pelo vazamento de combustível, mas também pela decomposição das carcaças das ovelhas mortas.
Segundo o site The Maritime Executive, especializado na indústria marítima, a grande maioria das embarcações utilizadas para transporte da chamada “carga viva” são velhas e não possuem manutenção adequada. O navio Al Badri 1 foi construído em 1973 e durante uma década, entre 2008 e 2018 não passou por inspeções oficiais.
Além disso, há denúncias que a carga de ovelhas excedia a capacidade limite, que seria de aproximadamente 10 mil animais.
As ovelhas tinham como destino a Arábia Saudita. O Oriente Médio é o maior importador de ovinos do mundo. A exportação de animais vivos para lá é comum porque o abate deles precisa ser feito conforme os preceitos da religião islâmica, conhecido como “halal”. É por isso que os animais são comercializados vivos.
O navio demorou algumas horas para afundar ou seja,
os animais poderiam ter sido resgatados se ação tivesse sido mais rápida
(Foto: reprodução Twitter 20_a.o | 𝔒𝔟𝔰𝔥𝔞𝔯)
Acidentes e tragédias como a do último final de semana não são raras. Pelo contrário. Em 2019, cerca de 14 mil ovelhas que foram enviadas da Romênia para a Arábia Saudita também morreram quando um navio naufragou parcialmente. As equipes de resgate só conseguiram salvar pouco mais de 200 delas.
Há poucos meses, a organização ‘Mercy for Animals Brasil’ realizou um protesto em São Paulo pedindo o fim da exportação de animais vivos.
No começo do ano passado, o governo da Nova Zelândia proibiu exportação de animais vivos em navios. “No centro de nossa decisão está a defesa da reputação da Nova Zelândia de altos padrões de bem-estar animal. Devemos estar à frente da curva em um mundo onde o bem-estar animal está sob crescente escrutínio ”, afirmou o ministro da Agricultura neozelandês na época.
*Com informações adicionais dos sites The Guardian e Mirror UK
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Foto de abertura: Paolo Chiabrando on Unsplash