
Boas novas chegam de Curaçá, na Bahia! Nasceram no final de dezembro dois novos filhotes de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) no Refúgio de Vida Silvestre, em Curaçá, na Bahia, onde acontece o programa de reintrodução da espécie, conduzido pela Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP).
A notícia, divulgada nas redes sociais da organização alemã, é muito celebrada porque os dois filhotinhos nasceram em vida livre, gerados por ararinhas soltas no refúgio baiano em 2022. Essa é a segunda vez que filhotes nascem, fora do cativeiro, desde que o programa começou. A primeira vez aconteceu em março do ano passado, como contamos nesta outra reportagem.
Cromwell Purchase, coordenador científico e de projetos de campo da ACTP, revelou recentemente que das 20 ararinhas-azuis reintroduzidas há cerca de três anos, dez continuam sendo monitoradas na natureza (no total, 52 ararinhas foram importadas da Alemanha). Ainda segundo ele, o governo brasileiro não teria permitido a soltura de novas aves, após o fim da parceria entre as partes.
Em maio de 2023, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) anunciou que o Brasil não iria renovar o acordo com a ACTP, que durante cinco anos foi parceira do governo no programa de reprodução e reintrodução da ararinha-azul em Curaçá.
Além de várias denúncias e polêmicas internacionais sobre a idoneidade do proprietário da associação, que tem sede na Alemanha, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente foram pegos de surpresa ao serem alertados sobre o envio pelo criador de 30 araras brasileiras – 24 ararinhas-azuis e quatro araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari), também endêmica e ameaçada de extinção -, para um zoológico da Índia, sem conhecimento ou autorização do governo brasileiro (leia mais aqui).
Na época da rescisão da parceria, entretanto, o ICMBIO afirmou que a ACTP seguiria atuando no centro da Bahia e “as aves e as instalações de Curaçá continuarão sob responsabilidade da associação. E por parte do ICMBio não há nenhum impedimento de que continue com a reintrodução da espécie na natureza.”
O Conexão Planeta entrou em contato com a assessoria de imprensa do ICMBio para saber se há algum impedimento sobre novas solturas e recebeu a seguinte resposta:
“O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) esclarece que não há qualquer proibição para novas solturas de ararinhas-azuis no projeto conduzido pela ACTP (Association for the Conservation of Threatened Parrots).
Atualmente, há um projeto de soltura que está em análise, mas que ainda não foi aprovado devido a questões técnicas que estão pendentes de resolução pela ACTP. Esse processo segue os procedimentos técnicos regulares, assegurando que as condições necessárias para o sucesso do programa.
Reiteramos que não existe qualquer restrição prévia à realização de novas solturas, e o Instituto Chico Mendes permanece empenhado no fortalecimento das ações de conservação dessa espécie emblemática e na continuidade do programa em Curaçá (BA).”
Espécie endêmica do Brasil, ou seja, ela só existe em vida livre em nosso país e em nenhum outro lugar do mundo, a ararinha-azul foi vítima do tráfico ilegal de aves e a cobiça de grandes colecionadores europeus. Fascinados pelo sua beleza e azul vibrante, eles não economizaram esforços (e muito dinheiro) para poder ter um exemplar da famosa arara brasileira.
Com isso, a ararinha-azul acabou sendo declarada oficialmente extinta no país nos anos 2000.

Foto: divulgação ACTP
*Texto atualizado em 09/01/25 para incluir a resposta do ICMBio
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Foto de abertura: divulgação ACTP