Em janeiro do ano passado um caso envolvendo a modelo brasileira Nicole Bahls ganhou repercussão nacional. A Polícia Federal e o Ibama apreenderam macacos que foram presenteados à ela. Além da investigação ter apontado que a documentação de compra dos animais era falsificada, imagens nas redes sociais da apresentadora mostravam os filhotes sendo tratados como seres humanos, usando fraldas, com brinquedos e dormindo num berço (leia mais aqui).
Infelizmente, essa tipo de situação é comum no mundo inteiro e nos últimos anos as mídias sociais têm contribuído para que esse tipo de exploração seja visto como algo normal e aceitável. Mas não é!
Recentemente uma coalizão com mais de 20 organizações, entre elas a Proteção Animal Mundial, lançou o relatório “A crueldade que você não vê: o sofrimento dos macacos de estimação explorados nas redes sociais”, que denuncia o abuso físico e psicológico sofrido por esses animais e compartilhado por criadores de conteúdo em plataformas digitais.
De setembro de 2021 a março de 2023, a Coalizão de Crueldade Animal nas Redes Sociais registrou 1.226 links de conteúdo do Facebook, Instagram, TikTok e YouTube, mostrando macacos mantidos como animais de estimação. Todo esse conteúdo – que variou desde o tratamento aparentemente “inocente” até a tortura violenta de macacos – gerou mais de 12 bilhões de visualizações.
“Infelizmente, os macacos mantidos como animais de estimação sofrem simplesmente por serem explorados para este fim. Eles não são espécies domesticadas como cães ou gatos, são animais selvagens e suas necessidades não podem ser satisfeitas longe da natureza”, declara a Coalizão de Crueldade Animal nas Redes Sociais.
O relatório aponta alguns números assustadores e revoltantes:
- 13% do conteúdo apresenta tortura psicológica deliberada: macacos foram intencionalmente obrigados a sentir medo e angústia em resposta a sustos, provocações e negação de comida;
- 12% mostraram macacos sendo torturados fisicamente, inclusive sendo espancados, queimados vivos, com membros amputados e muitos deles torturados até a morte;
- 60% dos links mostraram macacos de estimação sendo abusados fisicamente.
Postagem em rede social mostra macaco ferido e com roupas humanas
(Foto: reprodução relatório Coalizão SMACC)
Hora de dar um basta na exploração de macacos
O que pode parecer “fofo” para alguns internautas, na verdade representa tortura para um animal que provavelmente foi tirado de sua família, separado de sua mãe e nunca mais conseguirá ser reabilitado na natureza.
Para ajudar a dar um basta no sofrimento de macacos, não curtia, comente ou compartilhar esse tipo de conteúdo. Ao clicar nessas postagens, você estará apoiando o abuso. O que você precisa fazer é denunciar!
“À medida que o engajamento cresce, o conteúdo popular é ainda mais promovido, motivando os criadores a produzir mais. Alguns podem até ganhar dinheiro com essas imagens, por meio da monetização da plataforma”, alerta a Proteção Animal Mundial.
A Coalizão de Crueldade Animal nas Redes Sociais também está “pedindo que as plataformas de redes sociais restrinjam conteúdos que mostrem macacos como animais de estimação e que tomem medidas proativas para remover conteúdos que mostre esse abuso”.
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Foto de abertura: Adeel Anwer/Creative Commons/Flickr