Hoje o mundo inteiro focou sua atenção na Inglaterra. Um ano após os primeiros casos do novo coronavírus terem aparecido na China e desencadeado a maior pandemia da história moderna da humanidade, Margaret Keenan, chamada carinhosamente por amigos e familiares de Maggie, se tornou a primeira pessoa do Reino Unido e da Europa Ocidental a receber a vacina contra a COVID-19.
Maggie tomou a primeira dose da vacina produzida pelo laboratório farmacêutico americano Pfizer, em parceria com a alemã BioNTech, que depois de apresentar excelentes resultados em testes com voluntários, foi aprovada para uso emergencial pelo governo britânico.
A aposentada, que tem 90 anos, mas completa 91 na semana que vem, chegou ao Hospital Universitário de Coventry bem cedinho, às 6h30 da manhã. Maggie tem um filho, uma filha e quatro netos e está ansiosa em poder conviver com eles novamente.
“Eu me sinto muito privilegiada por ser a primeira pessoa vacinada contra a COVID-19. É o melhor presente de aniversário antecipado que eu poderia desejar porque significa que finalmente poderei estar com minha família e amigos no Ano Novo, depois de ter ficado sozinha durante a maior parte de 2020″, disse. “Meu conselho a todos que puderem tomar a vacina é tomá-la – se eu posso aos 90, então você também pode!”
O momento tão esperado: Maggie recebe a vacina contra a COVID-19
Graças aos esforços de pesquisadores e cientistas de diversos países, vacinas contra a COVID-19 foram desenvolvidas em tempo recorde. O coronavírus já foi responsável pela morte de 1,5 milhão de pessoas no mundo e contaminou outras 68 milhões. Até este momento.
Após 21 dias, a britânica Maggie receberá a segunda dose da vacina. Ela faz parte do primeiro grupo de pessoas que serão imunizadas em seu país. Idosos acima de 80 anos, registrados em hospitais, moradores de casas de repouso e profissionais de saúde.
Enquanto isso no Brasil…
Como noticiamos na semana passada, nesta outra reportagem, o Ministério da Saúde realizou uma coletiva de imprensa em que anunciou quais serão os grupos prioritários a receber a vacina no Brasil assim que alguma delas for aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A prioridade será para idosos, profissionais de saúde e populações indígenas.
Ontem, o governo de São Paulo divulgou um cronograma próprio de vacinacão. De acordo com o Plano de Imunização, delineado em parceria com o Instituto Butantan, as primeiras doses da vacina CoronaVac serão disponibilizadas no estado no final de janeiro. Nessa etapa inicial serão atendidas pessoas com mais de 60 anos e profissionais de saúde.
A CoronaVac, da companhia chinesa Sinovac, teve seus testes no Brasil coordenados pelo Butantan. Resultados preliminares dos testes clínicos também apontaram que ela é bastante eficaz – com resposta imune em 97% dos casos -, mas ainda é necessária a aprovação final da Anvisa para sua liberação.
Enquanto São Paulo se prepara para o desafio da imunização em massa da população, os outros estados cobram do governo federal algum plano nacional.
Hoje vários governadores foram a Brasília e outros participaram virtualmene da reunião para exigir do Ministério da Saúde ações e planejamento para a vacinação em todo país.
O ministro Eduardo Pazuello afirmou que o governo contará com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, que está na fase 3 de testes, pela qual já foi pago R$ 1,99 bilhão pela entrega de 260 milhões de doses.
Todavia, Pazuello disse que o registro desta vacina só deve ser aprovado no final de fevereiro pela Anvisa.
O governo Bolsonaro conta ainda com a adesão feita ao consórcio mundial Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde, que garantiria mais doses ao país, totalizando 300 milhões delas em 2021, através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Preocupados com essa data tão tardia, enquanto centenas de brasileiros morrem diariamente, após o encontro os governadores mencionaram a nova legislação, de fevereiro deste ano, que estabelece que vacinas aprovadas no exterior podem ter aval para uso no Brasil.
Especialistas também alertam sobre a inação do governo federal em relação à compra de insumos, como seringas e agulhas.
Vale lembrar que a “gripezinha”, maneira pela qual Bolsonaro se referiu à COVID-19 no começo do ano, tirou a vida de 177 mil pessoas no Brasil e 6,6 milhões já testaram positivo para o vírus. Nosso país enfrenta uma segunda onda de novos casos e hospitais no Rio de Janeiro, por exemplo, estão com suas UTIs lotadas.
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Fotos: Facebook NHS England and NHS Improvement