Em três operações diferentes na semana passada, autoridades interceptaram atividades do tráfico ilegal de animais silvestres em aeroportos do país, o que reforça como o Brasil se tornou, infelizmente, um importante fornecedor e também, receptador, para atender à demanda desse mercado internacional criminoso. De janeiro a outubro de 2024, apenas em São Paulo, foram apreendidas mais de 8 mil espécimes da fauna silvestre e exótica.
Na última quinta-feira (17/10), equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Federal (PF) detiveram quatro estrangeiros que tentavam embarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, com 21 ovos de psitacídeos, família que inclui papagaios e araras, protegidas pela Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites).
Os traficantes, três paraguaios e um taiwanês (este último apresentava passaporte chinês), que tinham como destino Taiwan e Dubai, foram presos em flagrante e encaminhados à Delegacia Especial do aeroporto. Cada um deles foi multado em R$ 105 mil. Já os ovos foram levados para o Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres de São Paulo (Cetas-SP).
Esta não é a primeira vez que criminosos são pegos tentando sair do país com ovos de aves. No começo do ano, duas mulheres da nacionalidade ucraniana foram presas com ovos de arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), espécie que só existe no Brasil e está ameaçada de extinção, e que seriam contrabandeados para o exterior. As araras brasileiras são conhecidas por ter muita demanda em outros países e comercializadas por altos valores.
Outro caso que chamou muito a atenção há poucos meses foi o de uma passageira detida com ovos dentro do sutiã, no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu (PR). A mulher, de nacionalidade argentina, estava indo para Assunção, no Paraguai.
Encaminhados para o Parque das Aves, também em Foz, os ovos foram cuidados e após algum tempo nasceram filhotes de tucano-toco, o tucanuçu (Ramphastos toco), considerada a maior espécie entre os tucanos.
Aranhas caranguejeiras da Bélgica
Em outra operação, na sexta-feira (18/10), no Aeroporto Internacional de Belém (PA), coincidindo com o fim do Círio de Nazaré, festa religiosa que atrai muitos turistas à cidade, servidores do Ibama, PF e Receita Federal apreenderam onze espécimes de animais, incluindo duas serpentes, uma cabeça de lagarto, um escorpião, duas rãs, três centopeias e duas lesmas. Os animais estavam com um cidadão brasileiro, que seguia para Macapá (AP).
No mesmo dia também foram apreendidos artefatos confeccionados com penas de aves, como cocares e tacapes.
No caminho reverso do tráfico, ou seja, na tentativa de abastecer o mercado ilegal dentro do Brasil, o Ibama fez uma apreensão no aeroporto de São Paulo de 50 aranhas da família Theraphosidae, conhecida popularmente como caranguejeiras.
Os animais, que estavam em pequenos frascos de plástico, pertenciam a um passageiro brasileiro, que chegava da Bélgica. As embalagens foram escondidas dentro da bagagem, entre roupas infantis, brinquedos, materiais escolares e comida.
Segundo o Ibama, o homem foi autuado e multado em R$ 12 mil “por não possuir licença ambiental para a importação dos espécimes”. As aranhas foram encaminhadas para o Instituto Butantã (SP).
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Foto de abertura: divulgação Ibama