
Quem duvida que protestos populares e de parlamentares ambientalistas – que, de fato, defendem os direitos do povo! – não têm força para impedir que a destruição ambiental avance no país, precisa rever sua posição, urgente! Esta semana tivemos dois exemplos muito bacanas (e hoje é só quarta!) de como votar certo e se engajar funciona e muito. Falo da mineração clandestina na Serra do Curral, em Belo Horizonte, e do desmatamento de área protegida para a realização da micareta Fortal na capital cearense, ambos denunciados por representantes do povo e, por isso, impedidos de prosseguir pelo poder público.
Bons aprendizados em tempo de crise climática.
Mineração clandestina
Como contamos aqui, a deputada federal Duda Salabert e sua equipe flagraram, na noite de segunda-feira (13), dezenas de caminhões roubando minério de ferro de um dos principais cartões postais da capital mineira. Ela enviou os registros e denúncias para a Polícia Federal, os ministérios da Justiça e de Minas e Energia e a Agência Nacional de Mineração.
Ontem, irônica e bem humorada, Duda contou que nem precisa mais se candidatar à prefeitura de Belo Horizonte porque já está “prefeitando” pelo Instagram, e revelou – entre outros casos -, que, após sua denúncia, a prefeitura (PBH) enviou servidores das secretarias de Meio Ambiente e Política Urbana, junto com a Guarda Municipal, à Serra do Curral, para interditar e notificar a mineradora Empraba (assista ao vídeo no final deste post).

Por crime ambiental gravíssimo, a empresa deve pagar a irrisória multa de R$ R$ 64.945,69 – valor previsto em lei. Caso ignore o auto de interdição, será aplicada nova multa no valor de R$ 27.957,82, que dobra sucessivamente, em caso de reincidência.
Para garantir o cumprimento da interdição, a prefeitura informou que vai manter o monitoramento da área e viaturas da Guarda Municipal que impeçam a saída de caminhões do local (no meu entender, eles deveriam ser tirados de lá – vazios, claro! – já que não têm serventia).
De acordo com a prefeitura, além de não possuir as licenças ambientais necessárias, a Empraba mantinha atividade na área (e ninguém da PBH viu?) antes da decisão do processo judicial movido pelo Ministério Público de Minas Gerais para sua recuperação ambiental. A suspensão das atividades, portanto, foi determinada pela prefeitura, até que a situação esteja regularizada.
Ou seja, a luta continua! E, como Duda já reforçou diversas vezes, agora, além de fiscalizar a serra – foram os moradores que denunciaram a atividade clandestina -, é imprescindível que Belo Horizonte se una para prosseguir com seu tombamento.
“Importante a gente continuar nossa luta pelo tombamento estadual da Serra do Curral! Não querem fazer esse tombamento porque há interesses criminosos por trás, que sustentam essa mineração ilegal no cartão postal de Belo Horizonte”, acrescenta.
Micareta insustentável
Em Fortaleza, há semanas o vereador Gabriel Aguiar vem denunciando – com o apoio do movimento Fortaleza pelas Dunas – a cessão de área protegida pela Lei da Mata Atlântica (são 200 mil metros quadrados de floresta!) à organizadora da micareta Fortal – que acontece anualmente em julho, desde 1992 – pela Fraport, empresa que administra o Aeroporto Internacional, e solicitando que o evento seja transferido para outro local, sem impacto na biodiversidade.

Mas a situação ficou ainda mais tensa na segunda-feira (13), quando, sem licença ambiental (negada pela Semace – Superintendência do Meio Ambiente), o terreno começou a ser desmatado, como contamos aqui. Gabriel denunciou o crime na Câmara dos Vereadores – conclamando colegas e a população para se juntar a esse movimento – e aos órgãos de fiscalização e licenciamento.
Ontem, animado, contou que, graças à pressão popular, o Ibama embargou a devastação no local, celebrando a vitória, mas lembrando que a luta continua porque ainda não está totalmente ganha.
Para dar mais corpo aos protestos, o parlamentar convida os cidadãos de BH para ato público no próximo sábado, às 9h, na área de desembarque do aeroporto, “para deixar claro que não é mais aceitável, em plena emergência climática, derrubar uma floresta inteira para realizar uma festa de quatro dias!”.
E completa: “Seguiremos firmes na defesa dessa enorme floresta protegida pela Lei da Mata Atlântica e de cada um dos milhares de animais silvestres que vivem nessa mata, a sua casa. A alegria do Fortal não combina com o terror do desmatamento”.
“Ivete Sangalo, este vídeo é pra você!”
O vereador, o movimento Fortaleza por Dunas, cidadãos de Fortaleza e fãs da micareta também se uniram para pressionar os artistas já confirmados no evento como Ivete Sangalo, Léo Santana, Bell Marques, entre outros, para que não apoiem esse crime ambiental, protestem e exijam que o Fortal seja transferido para outro local.
Faz parte desses protestos o vídeo que o parlamentar publicou, em seu Instagram, dirigido à Ivete Sangalo, apelando para sua sensibilidade e dedicação à causa ambiental, inclusive em parceria com Gisele Bundchen (assista aqui).
Seria muito coerente que a cantora baiana “macetasse” (em alusão a um de seus sucessos) a posição irresponsável da organizadora do evento, que a contratou. Ou será que o dinheiro vai falar mais alto?
A seguir, assista aos vídeos de Gabriel Aguiar e de Duda Salabert, nos quais contam sobre o impedimento da mineração e do desmatamento em suas cidades:
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Fotos: reproduções de vídeos
Com informações de Duda Salabert, Gabriel Aguiar e Fortaleza pelas Dunas