
A harpia (Harpia harpyja), também chamada de gavião-real, uiraçu ou gavião-pega-nenê, é maior ave de rapina do Brasil. Suas asas podem chegar a ter até 2 metros de envergadura. Infelizmente, essa espécie majestosa está em risco de extinção, ameaçada principalmente pela perda de habitat e pela caça ilegal. E mais um exemplo dessa triste realidade é o resgate feito há poucos dias de um indivíduo, que tinha a asa ferida por uma bala de chumbinho.
A ave foi resgatada pelas equipes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e do Projeto Harpia na zona rural de Ariquemes, em Rondônia. Em seguida, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Porto Velho, foi acionado. Ao chegar lá, exames de imagem apontaram que a harpia tinha fragmentos de chumbo alojados na musculatura da asa, mas felizmente, sem fraturas ósseas. “No entanto, a ave desenvolveu osteomielite nos metacarpos devido ao contato com o chumbo”, informou o instituto em nota.
Ainda segundo o Ibama, a ave precisou passar por um tratamento, que incluiu 15 dias consecutivos de antibiótico para combater a infecção. “Após essa fase, iniciou-se um programa de fisioterapia com voos controlados para fortalecer a musculatura. Atualmente, a harpia encontra-se em um ambiente monitorado por biólogos e veterinários, visando sua recuperação plena e possível reintrodução na natureza.”

Foto: divulgação Ibama/RO
Tendo como habitat florestas tropicais entre o sul do México e o norte da Argentina, assim como o Brasil, a harpia faz seus ninhos em árvores “emergentes”, ou seja, aquelas muito altas, que lançam suas copas acima do nível médio do dossel. O ninho normalmente tem 2,5 metros de diâmetro. A reprodução das fêmeas ocorre, em média, a cada 2 anos e meio.
Criado em 1997, o Programa de Conservação do Gavião-real do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que hoje chama-se apenas de Projeto Harpia, faz o mapeamento de ninhos da espécie nos estados amazônicos do Pará, Amazonas e Rondônia, além de áreas no Pantanal e na Mata Atlântica.
Graças ao trabalho de pesquisadores, estudantes e voluntários, atualmente são aproximadamente 60 ninhos monitorados na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica (números de 2022).
O que fazer se você encontrar uma harpia
Em 2020, um motorista que estava fazendo uma entrega na mesma região Ariquemes se deparou com uma harpia na beira da estrada. O homem não sabia bem qual era a espécie da ave, mas achou que ela estivesse doente e por isso, jogou uma toalha sobre ela e a levou para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente do município.
A harpia em questão era um filhote, uma fêmea, com aproximadamente sete meses de idade, e em ótimo estado de saúde. Na verdade, ela estava apenas explorando o chão e a área perto de seu ninho. O comportamento, segundo os biólogos, é natural nesta idade e em momentos de alimentação, até mesmo os adultos podem ser observados pousados no chão.
Por essa razão e uma série de outras, a equipe do Projeto Harpia elaborou recomendações para caso as pessoas se deparem com essas aves:
– Mantenha a distância da harpia;
– Não toque ou tente remover a ave do local;
– Faça uma foto de longe, ativando o GPS do celular para registrar a localização;
– Entre em contato com a Sema, Ibama, Polícia Ambiental ou Projeto Harpia
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Foto de abertura: divulgação Ibama/RO