Na semana passada, a notícia de que um filhote de onça-pintada criado como animal de estimação teria sido devolvido temporariamente ao homem que o detinha em cativeiro provocou muita surpresa e críticas. O caso aconteceu no município de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas, a 880 km da capital, Manaus. Levadas por uma denúncia, equipes das Polícias Militar e Ambiental encontraram o animal, um macho com cerca de oito meses de idade, na casa de um homem. Ele teria alegado que durante uma caçada achou o felino sozinho e decidiu adotá-lo.
O filhote foi apreendido e levado para a realização de exames veterinários, sob a custódia da Secretaria de Meio Ambiente de Santo Antônio do Içá, entretanto, como não havia um lugar apropriado para acomodá-lo e logística ainda acertada para a sua transferência a um local definitivo, decidiu-se pelo retorno temporário ao infrator.
Na segunda-feira (10/02), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que assim como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), foi acionado para resolver a questão, divulgou uma nota informando que a onça já tinha sido levada “adequado e apropriado no interior do estado”. Golias, como tinha sido batizado pelo caçador, apresenta bom estado de saúde e se alimenta bem.
No momento, o filhote se encontra no município de Tefé e a expectativa é que seja levado para Manaus nesta terça-feira (11/02).
Infelizmente, a princípio, considerando o histórico e comportamento de Golias, já acostumado com cuidados humanos, acredita-se que talvez ele precise ser encaminhado a ambiente de cativeiro, a exemplo de zoológico, criadouro científico ou mantenedor de fauna, diz o Ibama. “Caso seja avaliada a possibilidade de reabilitação do espécime, será implementado um programa de longo prazo, a fim de prover condições para o animal sobreviver de maneira independente para, enfim, ser solto em seu habitat”, ressalta o órgão.
O Instituto NEX No Extinction, instituição em Corumbá do Goiás, especializada no acolhimento e tratamento de felinos resgatados, usou suas redes sociais para fazer um alerta sobre esse e outros casos de filhotes de onças sendo domesticadas e ressaltando que, na maioria deles, a mãe foi morta por caçadores.
“São inúmeros casos, alguns a população toma conhecimento pela internet porque viraliza e outros tantos quase ninguém fica sabendo. O fato é que, este animal vai crescer e não vai poder continuar “morando” dentro de casa. Além de destruir tudo, se tornará uma ameaça para humanos e animais. Precisamos parar de romantizar estar relações “fofinhas” e pensar no bem-estar do animal e na segurança de todos à longo prazo”, reforça a NEX.
Vale ressaltar ainda que capturar espécimes da fauna silvestre sem permissão da autoridade competente é crime na Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998).
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Foto de abertura: reprodução vídeo Polícia Militar do Amazonas
