No passado, Curitiba se tornou referência em mobilidade urbana para o mundo. Sob o comando do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, falecido em 2021, foram implementadas então inovações como as vias rápidas para a circulação de ônibus, o sistema de transporte BRT, e as estações-tubo* para os passageiros, que facilitavam a entrada rápida aos veículos, e que acabaram virando um dos símbolos da capital paranaense (e o primeiro produto brasileiro a receber o iF Design Award, um do mais importantes prêmios de design internacional).
Três décadas depois de sua criação, na década de 90, as estações-tubo passarão agora por uma transformação. Além da reforma em 85 delas, começará a ser executado um projeto, anunciado no começo do ano passado, para a produção local de energia solar.
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) será a responsável pela fase de testes com duas tecnologias diferentes. Serão instalados painéis flexíveis e leves, os OPVs (Organic Photovoltaics), filmes fotovoltaicos orgânicos, diferente daqueles rígidos, que costumamos ver nos telhados de casas e empresas.
“A superfície do telhado das estações-tubo serão adesivadas com vários painéis de OPVs, conectados em paralelo e posteriormente a um inversor. A energia gerada será usada para o consumo da própria estação, com a abertura e fechamento das portas, elevador, iluminação e pontos de carga USB para celulares”, revela Lucimara Stolz Roman, professora da UFPR e coordenadora do projeto.
Painéis flexíveis que serão instalados: energia excedente que eventualmente seja produzida será encaminhada para a rede de eletricidade municipal
(Foto: ThalitaCanabarra dos Santos/UFPR)
Inicialmente os testes serão realizados em duas estações-tubo da capital. A instalação deve ocorrer entre março e abril.
Os pesquisadores da universidade paranaense têm grande conhecimento na área de tecnologia solar. Há poucos meses, a instituição atingiu a marca de 100 patentes concedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), entre elas, uma nova técnica para produção de células solares orgânicas que demonstrou triplicar a eficiência na conversão da luz em eletricidade, além de deixá-las mais duráveis.
Afora o investimento em energia solar, a prefeitura de Curitiba também deu início, em 2022, aos testes com ônibus elétricos. A meta é ter, até 2030, 33% da frota de veículos com emissão zero no transporte coletivo, percentual que deve chegar a 100% até 2050.
Passageiros esperando o próximo ônibus dentro da estação-tubo
(Foto: Levy Ferreira/SMCS)
*As estações-tubo de Curitiba foram projetadas pelos arquitetos urbanistas Abraão Assad e Carlos Ceneviva
*Com informações da assessoria de imprensa da UFPR
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Foto de abertura: Luiz Costa/SMCS