Muitos australianos expressaram tristeza e vergonha após a divulgação do resultado do referendo nacional realizado no último final de semana. A grande maioria dos 17,6 milhões de eleitores votou contra uma mudança na Constituição que reconheceria os povos indígenas e criaria um órgão para representá-los no Parlamento e aconselhar o governo sobre as políticas que os afetam.
“Os esforços para uma voz indígena no Parlamento na Austrália, que culminou neste referendo, abrangem décadas de campanha incansável dos povos aborígenes e das ilhas do Estreito de Torres, alguns dos quais não viveram para ver esta votação histórica. Eles corajosamente abriram este caminho para que os povos indígenas e não-indígenas na Austrália pudessem escolher caminhar juntos em direção à justiça, à cura e à verdade”, disse Rodney Dillon, representante dos Povos Originários da Anistia Internacional Austrália, ao lamentar o resultado.
Historiadores acreditam que há cerca de 60 mil anos os primeiros seres humanos chegaram ao continente australiano. Quando os exploradores europeus desembarcaram naquelas terras distantes entre os Oceanos Pacífico e Índico, povos aborígenes já ocupavam a Austrália. Mesmo assim, quando os ingleses tomaram posse do território, a partir de 1788, eles declararam que ali era uma “terra nullius”, um termo legal que reivindicava que a terra (Austrália) não pertencia a ninguém.
Infelizmente, até hoje, a maneira como os povos aborígenes foram tratados e discriminados durante os últimos séculos no país se reflete nas condições sociais e econômicas das atuais gerações.
De acordo com a organização não-governamental Australians Together, a taxa de suicídio entre os aborígenes australianos é duas vezes maior do que no resto da população, o índice de desemprego é cinco vezes mais alto entre os nativos e a expectativa de vida é dez vezes menor.
Imagem da campanha que defendia que os australianos votassem pelo “Sim!” ao reconhecimento dos aborígenes na Constituição
(Foto: divulgação Yes23)
Para os defensores da campanha “Yes23“, “Sim23”, que defendia que os povos indígenas tivessem voz e fossem ouvidos pela primeira pelo governo, essa foi uma oportunidade perdida para avançar no processo de reconciliação histórica e necessária na Austrália.
Abaixo o vídeo da campanha Yes23:
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Foto de abertura: reprodução Instagram Yes23
Esse aí é o mesmo povo “de primeiro mundo” que critica o Brasil sobre a Amazônia… NUNCA foi sobre indígenas… SEMPRE foi sobre DINHEIRO.