Sebastião Salgado é sem dúvida nenhuma um dos maiores fotógrafos de nossos tempos. O prestigiado profissional brasileiro já teve seu trabalho ao longo das últimas cinco décadas reconhecido em vários países. No ano passado, recebeu o Prêmio Imperial do Japão, considerado um ‘nobel das artes’, e foi homenageado em Davos, na Suíça, por sua liderança na abordagem da desigualdade e sustentabilidade. Em 2017, passou a ocupar uma cadeira na Academia de Belas Artes francesa.
Mas Salgado acredita que sua maior obra foi a recuperação, ao longo de 20 anos, de mais de 2 mil hectares de terras degradadas, com o plantio de quase três milhões de árvores, numa região de Mata Atlântica, em Minas Gerais. É lá que fica a Fazenda Bulcão, em Aimorés, devastada pelo desmatamento e a seca.
Graças a esse projeto, nasceu o Instituto Terra, fruto do sonho de Salgado e sua esposa, Lélia, que tem como principal objetivo a restauração ambiental e o desenvolvimento rural sustentável do Vale do Rio Doce.
Aos 78 anos, o fotógrafo confessa que se preocupa com o futuro do instituto e por esta razão, através de uma parceria com uma das mais conhecidas casas de leilões do mundo, a Sotheby’s, iniciou uma série de iniciativas para arrecadar fundos para garantir a saúde financeira da entidade no futuro.
Uma das primeiras novidades é a entrada no mercado digital do metaverso através do lançamento dos chamados NFT’s, sigla em inglês para tokens não fungíveis (se você não entende ainda bem como eles funcionam, leia esta outra matéria).
A coleção “Sebastião Salgado: Amazônia” inclui um NFT exclusivo com o vídeo abaixo, de pouco mais de 4 minutos, chamado de “A Árvore da Vida”, onde foram inseridos, digitalmente, 102 indígenas, escondidos em meio à obra. O áudio é de sons originais da floresta e canções entoadas por esses povos. Simplesmente lindo!
“É uma carta de amor ao extraordinário esplendor e beleza da floresta tropical, seus rios, montanhas e pessoas do Brasil. A ousada entrada de Salgado nos NFTs representa uma mudança de paradigma não apenas no mundo da arte digital, mas no mundo da fotografia em geral”, diz a Sotheby’s, que considera esta “a coleção mais significativa de NFTs de um fotógrafo vivo”.
Além do vídeo, que já foi leiloado no último dia 28 de setembro, a partir de hoje também estarão disponíveis edições limitadas de 5 mil NFTs baseados em fotos exclusivas do fotógrafo, divididos em dez categorias temáticas: florestas, imagens aéreas, rios voadores, tempestades tropicais, montanhas e diversas etnias de povos indígenas.
Cada NFT custa US$ 250, que será distribuído aleatoriamente aos seus compradores, que só três dias após o encerramento do processo de mintagem dos tokens não fungíveis descobrirão que obra digital irão receber.
As outras ações que fizeram parte da parceria entre Sebastião Salgado e a Sotheby’s foram a realização de uma exposição em Nova York, a “Magnum Opus”, com 50 obras do artista, um jantar de gala beneficente (o primeiro já realizado pela casa com propósito social/ambiental) e a doação de obras de outros artistas leiloadas em prol do Instituto Terra.
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Imagem de abertura: reprodução vídeo NFT