Entre as milhões de espécies de seres que vivem nos oceanos, certamente os dragões-marinhos se destacam por suas características físicas únicas: eles não possuem dentes nem costelas e apresentam uma coluna vertebral ondulada. Em volta do corpo, apêndices (placas) que mais parecem folhas, perfeitas para esse camuflar diante de predadores. Além disso, cabe aos machos carregar e cuidar dos ovos.
Parentes próximos do cavalo-marinho, ambos pertencem à família Syngnathidae, há muito tempo essas criaturas incríveis intrigam os cientistas. Como na vida selvagem só são encontrados na costa da Austrália, o mistério sobre eles sempre foi muito grande. Mas agora, uma nova descoberta realizada por pesquisadores da Universidade de Oregon consegue esclarecer porquê esses animais têm essa aparência.
Ao estudar duas espécies de dragões-marinhos, o Phycodurus eques (dragão-marinho-folhado) e o Phyllopteryx taeniolatus (dragão-marinho-comum), os cientistas analisaram seus genomas e identificaram que não só eles estão repletos de pedaços repetitivos de DNA, como também lhes falta um grupo de genes que dão origem a dentes, nervos e características faciais em outros animais vertebrados.
Os pesquisadores também descobriram que comparados com seus parentes próximos, os dragões-marinhos contêm quantidades maiores do que o normal de ‘genes saltadores’ (elemento transponível ou transposon), que são capazes de se duplicar ou se mover pelo genoma.
Há ainda muito interesse no estudo dos dragões-marinhos para tentar entender como foi o seu processo de evolução. A família Syngnathidae se ramificou há cerca de 50 milhões de anos, o que é relativamente recente pelos padrões evolutivos da ciência.
“Há muito interesse em descobrir quão maleáveis à evolução são partes como a cabeça e a face”, diz Susan Bassham, uma das autores do artigo publicado na Proceedings of the National Academies of Sciences. “Pudemos ver, por exemplo, que as estruturas de suporte para as placas folhosas pareciam ser elaborações de espinhos e, em seguida, os apêndices carnudos foram adicionados às extremidades. Isso fornece evidências à ideia de que esses (ornamentos) são evolutivamente derivados de espinhos”.
Os cientistas esperam que as novas descobertas ajudem pesquisas futuras não apenas em evolução e genética do desenvolvimento, mas também no esforço de entender e conservar esses peixes tão raros e únicos.
*Com informações da Universidade de Oregon
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Foto: Graham Short/Creative Commons/Flickr