Esta já era a quarta gestação da gorila Sekani, de 33 anos. Tudo corria bem e o nascimento do filhote era esperado para meados de fevereiro. Todavia, nos primeiros dias de janeiro, a equipe do Fort Worth Zoo, no Texas (EUA), notou que a fêmea dava sinais de desconforto, estava caminhando muito lentamente e segurando a cabeça com as patas, como se tivesse sentindo uma enxaqueca.
Preocupados, os médicos veterinários rapidamente decidiram fazer testes em Sekani para confirmar a suspeita: Sekani estava sofrendo de pré-eclâmpsia. A condição associada com a hipertensão arterial, que também ocorre em seres humanos, coloca em risco a mãe e a criança, no caso da gorila, o filhote.
Como os primatas são os parentes biológicos mais próximos do homem – chimpanzés, gorilas, macacos e orangotangos compartilham 98% do DNA humano -, reuniu-se então uma equipe de obstetras e veterinários para discutir o caso e a solução encontrada foi realizar uma cesárea de emergência.
A filhote, uma fêmea também, nasceu prematura, quatro a seis semanas antes do previsto, e precisou ser ressuscitada e receber cuidados especiais, incluindo suporte de oxigênio, após o procedimento.
Felizmente mãe e filha, batizada de Jameela – que na língua africana suaíli significa “Linda” -, sobreviveram e passam bem. Foi a primeira vez, em 115 anos de história do Fort Worth Zoo, que faz um importante trabalho de conservação de espécies, que uma cesariana foi realizada em uma gorila.
“Participar do parto do filhote de Sekani por cesariana foi um dos pontos altos de toda a minha carreira como obstetra e ginecologista. É uma honra e um privilégio ajudar no cuidado desta espécie ameaçada. Fiquei surpresa ao ver como a anatomia de Sekani me lembrava exatamente a das minhas pacientes humanas”, contou Jamie Erwin, consultora de obstetrícia e ginecologia.
Equipe com vários profissionais envolvidos na cesárea de Sekani
(Foto: divulgação Fort Worth Zoo)
Embora durante suas semanas e por diversas vezes a equipe tenha tentado aproximar Jameela da mãe, Sekani não mostrou interesse na filhote. A hipótese é que como a mãe não passou pela descarga hormonal que ocorre no final da gestação e durante o parto, talvez não tenha desenvolvido uma ligação emocional com a gorilinha.
Momentos após o nascimento de Jameela, quando ela precisou ser ressuscitada
(Foto: divulgação Fort Worth Zoo)
Sekani já está de volta a seu grupo, mas Jameela ainda recebe cuidados humanos. Além disso, uma outra fêmea, Gracie, de 24 anos, está sendo treinada para se tornar uma mãe adotiva para a filhote. Ela já teve dois antes e o mais novo, Bruno, só tem um ano.
“Observar nossa equipe e seu compromisso contínuo com este filhote e a subsequente jornada de adoção é uma prova de sua dedicação aos animais sob seus cuidados”, diz Michael Fouraker, diretor executivo do Fort Worth Zoo. “Foi incrivelmente inspirador testemunhar esse nascimento e estamos todos esperançosos de que podemos continuar a ver este pequeno ser crescer”.
A filhotinha sendo pesada, já com pouco mais de 5 kg
(Foto: divulgação Fort Worth Zoo)
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Foto de abertura: divulgação Fort Worth Zoo
