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Com ajuda de um coala de pelúcia, cuidadores conseguem pesar e descobrir o sexo do primeiro filhote nascido na Europa

Com ajuda de um coala de pelúcia, cuidadores conseguem pesar e descobrir o sexo do primeiro filhote nascido na Europa

Ele tem pouco mais do que seis meses de vida e já virou a atração do Longleat Safari Park, na Inglaterra. Não é para menos. Além de fofíssimo, o filhote é o primeiro coala nascido na Europa. E na verdade, é ela.

Desde que nasceu a filhotinha estava escondida na bolsa marsupial da mãe e só aos poucos foi se aventurando mais do lado de fora. Por isso, não se sabia ainda seu sexo. E seus cuidadores também precisavam acompanhar o ganho de peso, fator importante para definir se o desenvolvimento está correndo bem, de maneira saudável.

E para conseguir pesar a filhote a equipe do zoológico usou uma estratégia inusitada: junto com a cesta da balança foi colocado um coala de pelúcia, no qual, rapidamente, o pequeno coala de verdade se agarrou! Com isso foi possível verificar seu peso e descobriu-se então que há uma nova “moradora” em Longleat.

A filhote sendo pesada na balança

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Os coalas são uma espécie endêmica da Austrália, ou seja, só são encontrados vivendo na natureza ali e em nenhum outro lugar do mundo. Infelizmente, no mês passado, eles foram declarados oficialmente ameaçados de extinção. O desaparecimento desses animais se deve a vários fatores, entre eles, o impacto de secas prolongadas, seguidas de incêndios florestais, além de doenças, urbanização e perda de habitat nos últimos 20 anos.

Antes do anúncio do governo australiano, os coalas já enfrentavam uma situação extremamente difícil bem antes da temporada devastadora do chamado ‘verão negro’, quando estima-se que milhares morreram vítimas dos incêndios. Em maio de 2019, eles já tinha sido declarados “extintos funcionalmente” porque já eram tão poucos, que não tinham mais papel no ecossistema.

Os biólogos dizem também que o declínio da população compromete a segurança e a variação genética da espécie, pois o acasalamento, muitas vezes, ocorre entre “parentes” muito próximos.

É por isso que o nascimento do primeiro filhote na Europa é importante. O objetivo é criar uma diversidade genética para as futuras reproduções.

“Uma das questões mais preocupantes em relação aos coalas do sul da Austrália são os altos níveis de endogamia e, portanto, o fato de podermos começar a estabelecer uma população geneticamente diversa aqui na Europa é muito importante”, ressalta James Dennis, do Longleat Safari Park.

Apesar de ainda estar sendo amamentada pela mãe, a filhote aos poucos começa a comer eucalipto, a base da alimentação dos coalas

Apesar de existir apenas uma espécie de coala, o Phascolarctos cinereus – único representante existente da família Phascolarctidae -, alguns especialistas debatem que haveria algumas subespécies. Sabe-se, por exemplo, que aqueles da região de Queensland são menores, de cor mais clara e têm menos pelo do que os da Nova Gales do Sul, Victoria e das áreas do sul do país.

“Longleat agora tem um grupo pequeno, mas vital, de animais saudáveis, livres de doenças debilitantes, incluindo clamídia e retrovírus. Isso nos ajudará a entender como manter as populações de santuários saudáveis e fornecer informações importantes sobre os efeitos dessas doenças”, afirma Chris Daniels, da organização Koala Life. “Esse filhote representa um pequeno, mas vital passo no processo para garantir a sobrevivência a longo prazo de um dos animais mais amados do mundo. Uma grande conquista”.

Todo o trabalho realizado no zoológico inglês é feito em parceria com o governo da Austrália.

Coala: luta pela sobrevivência

Acredita-se que os coalas evoluíram no continente australiano durante o período em que a Austrália começou a se deslocar lentamente para o norte, separando-se gradualmente da massa terrestre antártica, há cerca de 45 milhões de anos.

Restos fósseis de animais semelhantes a eles foram encontrados datando de 25 milhões de anos atrás. À medida que o clima mudou e a Austrália se tornou mais seca, a vegetação mudou para o que conhecemos hoje como eucalipto, tornando-se a fonte de alimento desses marsupiais.

Antes dos primeiros europeus chegarem ao continente, por volta de 1788, milhões e milhões de coalas viviam nele. Todavia, ao longo dos últimos 230 anos, o impacto das atividades humanas, assim como a perda das florestas, reduziu a população de coalas a números alarmantes.

E não foi só isso. Durante muitas décadas, ao redor de 1900, a pele do coala era exportada para a Europa. Milhões desses pequenos e inofensivos animais foram mortos para atender a demanda, ou melhor, a vaidade do homem.

Em 1924, a espécie já estava extinta no sul da Austrália. Apenas no final da década de 30, devido à revolta popular, foi declarado pelo governo o status de “animal sob proteção”.

*Com informações adicionais do Departamento de Ciências e Meio Ambiente do Governo de Queensland

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Fotos: reprodução Facebook Longleat Safari Park

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