Quem acompanha o Ser Criança é Natural nas redes sociais, tem visto a movimentação que provocamos com as Caixas de Natureza – Edição Verão, que está chegando ao fim.
Quando fizemos a proposta para que nossos seguidores conhecessem e reconhecessem a natureza que existe ao seu redor, não imaginávamos que, para algumas famílias, este seria um grande desafio.
Com o tempo e a partir de conversas com os participantes, identificamos alguns pontos e dúvidas comuns. Para ajudá-los a superá-los e a perceber a natureza nas áreas urbanas junto com as crianças, com mais facilidade, reunimos algumas dicas que compartilhamos aqui:
1. Comece por onde você está
Abra as janelas, sinta o vento, observe o céu, escute os pássaros, procure pelas árvores da vizinhança. Procure ser específico: observe as variações na intensidade e direção do vento; acompanhe os movimentos de mudança na forma, profundidade e direção das nuvens; perceba se há comunicação entre os pássaros; identifique a singularidade das árvores e como elas se modificam de um dia para o outro. Seja receptivo a tudo o que acontece ao seu redor.
Em casa tenha uma planta por perto, cuide dela e acompanhe seu crescimento.
Preste muita atenção e descubra o que existe onde você está.
2. Ande a pé
Eis uma dica preciosa! Andar a pé é uma metodologia avançada de pesquisa de campo. E quando se tem um objetivo para acionar os sentidos, melhor ainda! Procure pelas flores, por insetos, por caminhos de formigas, por árvores frutíferas, por plantinhas que nascem entre o concreto, por cantos de pássaros, por cheiros bons.
Você sai à procura de um item e descobre muitos outros.
3. Faça um mapa de árvores
Com apenas uma volta no seu quarteirão ou simplesmente na sua rua, mapeie as árvores existentes: Que árvores são? Como elas são? Algum ninho ou pássaro feitos nelas? Algum inseto insistente? Existem outras plantas no seu caminho?
4. Registre tudo
Desenhar o que vemos nos leva a prestar mais atenção nos detalhes. Muito mais do que se registrássemos o momento com fotografias. Não vale dizer “eu não sei desenhar!”, arrisque-se e faça o seu melhor. O desenho é pra você, é um exercício do olhar.
Ande com um bloquinho e um lápis em mãos sempre.
5. Ensine menos e compartilhe mais
Quando estiver com crianças ou entre adultos apenas, deixe claro que não importa o quanto cada um sabe sobre a natureza. O prazer maior é descobrir, se aproximar da linguagem da natureza e depois compartilhar a emoção das descobertas. Compartilhar não é dividir, mas, sim, partilhar da mesma emoção diante de um mesmo fenômeno!
Por mais árida que pareça sua região, garantimos que há natureza por perto, pois sabemos que nosso planeta é vivo e não há nenhuma parte dele, por mais artificializada que esteja, que não seja viva.
O planeta como um todo é um organismo vivo e todas as suas partes pulsam e são interdependentes. Se a natureza está sempre por perto, ela pode se expressar de forma mais ou menos diversificada e exuberante, de acordo com o grau de transformação sofrido pelo local.
O jornalista norte-americano Richard Louv, autor do aclamado livro A última criança na natureza diz que “A natureza na cidade é a natureza em sua forma mais obstinada” e isso a torna ainda mais extraordinária!
Quando começamos a perceber seu encanto e magia podemos nos inspirar em seus indícios, na rachadura das calçadas, por exemplo, para agir e para que ela se expresse cada vez com mais exuberância e beleza. Afinal, é nos ambientes de natureza mais diversificada que nos sentimos melhor, mais plenos e… porque não reconhecer, mais humanos!
Foto: Rita Mello