
Um atum-azul gigante, pesando 276 kg, foi arrematado no Japão por U$ 1,3 milhão, cerca de R$ 8 milhões. O comprador é o grupo alimentício Onodera, que tem uma série de restaurantes famosos de sushi. O aguardado leilão, realizado no Mercado de Peixes Toyosu, em Tóquio, é sempre realizado na primeira semana de janeiro.
O atum-azul (Thunnus sp.) é considerado o peixe mais caro do mundo. Sua carne é muito utilizada no preparo de sushi. Com o aumento do consumo da culinária japonesa em todos os continentes, as várias espécies começaram a sofrer com a sobrepesca. Em algumas regiões do planeta, suas populações foram bastante reduzidas nas últimas décadas.
Todavia, em 2021, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) anunciou que quatro das principais delas – dentre as mais comercializadas globalmente – apresentaram recuperação e por isso, mudaram de categoria de extinção, ou seja, apareciam com menor chance de desaparecem de nossos mares. O atum-rabilho (Thunnus thynnus) passou de “em perigo” para “pouco preocupante”, o atum-do-sul de “criticamente ameaçado” para “ameaçado” e o albacora (Thunnus alalunga) e o amarelo (Thunnus albacares) de “quase ameaçados” para “pouco preocupante”.
Contudo, o atum-azul-do-pacífico (Thunnus orientalis) ainda gera preocupação, porque apresenta uma queda de sua população. No comunicado sobre a venda do leilão no domingo (05/01), na capital do Japão, não foi informado a qual espécie o peixe comprado pela Onodera pertencia.
Até hoje, o valor mais alto pago por um atum de U$ 3,1 milhões, em 2019, arrematado pelo japonês Kiyoshi Kimura, conhecido como o “Rei do Sushi”.
Sobrepesca: oceanos sem vida
O homem tem retirado da natureza mais do que precisa. O volume da exploração de recursos naturais tem sido tão grande, que não há tempo de renovação. É exatamente o que acontece com a vida marinha. A sobrepesca é apontada como uma das principais responsáveis pela extinção de diversas espécies de peixes. Algumas ficam presas em redes acidentalmente. Outras não encontram mais alimentos nos oceanos.
Um relatório publicado pela Comissão Europeia, em 2018, já alertava que os mares da Europa estavam sobrecarregados com a pesca, principalmente, nas regiões do Mediterrâneo e do Mar Negro. Espécies como bacalhau e arenque, muitas apreciadas pelos europeus, poderiam sumir dos cardápios no futuro, caso nada fosse feito, destacava o levantamento.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, em parceria, com a Wildlife Conservation Society, também revelou que todos os oceanos do planeta sofrem os impactos da ação humana. Apenas 13,2% deles, algo em torno de 55 milhões de km2, ainda estão intocados, considerados “sistemas marinhos selvagens”, situados, sobretudo, em regiões distantes do Pacífico e no Ártico, mas também em pequenas áreas próximas à Nova Zelândia, Chile e Austrália.
Entre as principais ameaças à biodiversidade dos oceanos estão as grandes frotas pesqueiras e a consequente sobrepesca, o transporte naval e a poluição, aliados às mudanças climáticas.
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Foto de abertura: divulgação Onodera Group