A maior mobilização de povos indígenas do país – realizada anualmente desde 2003 – se realiza num momento de grande ofensiva contra seus direitos, promovida por este governo – poderes Executivo, Legislativo e Judiciário – e por empresários do agronegócio, da indústria madeireira e da mineração.
Promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com apoio de organizações indígenas, indigenistas, da sociedade civil e movimentos sociais, o encontro tem por objetivo reunir os líderes e representantes de todos os povos indígenas – ou boa parte deles – e seus parceiros para debater sobre a violação constante dos direitos garantidos pela Constituição de 1988 e as políticas anti-indigenistas do Estado, e procurar unificar suas lutas.
Entre os temas abordados durante os três dias de ações no Acampamento (o primeiro será para a recepção – à noite – e o último dedicado à partida de todos), estão:
– paralisação das demarcações das Terras Indígenas;
– enfraquecimento das instituições (como a Funai, que nunca foi tão boa, mas tem piorado sua atuação e está sendo desmantelada pelo governo atual) e das políticas públicas indigenistas;
– iniciativas anti-indígenas, que tramitam no Congresso;
– a tese do Marco Temporal, segundo o qual só devem ser consideradas Terras Indígenas as áreas que já estavam de posse dessas comunidades na data de promulgação da Constituição (5/10/1988);
– empreendimentos que impactam negativamente os territórios indígenas, como Belo Monte;
– precarização da saúde e da educação indígenas diferenciadas;
– negação do acesso à Justiça e
– criminalização das lideranças indígenas.
Tudo será debatido como uma grande assembleia, em diferentes formatos: debates, palestras, marchas, atos públicos, audiências com autoridades dos Três Poderes, grupos de discussão e atividades culturais.
A recepção dos participantes será hoje, 24/4, a partir do horário do jantar, e o encerramento das atividades se dará na noite de 27/4. No dia 28, todos deverão voltar para suas cidades de origem.
Outras informações podem ser obtidas nas páginas do Acampamento e da Mobilização Nacional Indígena e também junto à representação da Articulação em Brasília, pelo e-mail apibbsb@gmail.com ou pelo telefone (61) 3034-5548.
Abaixo, uma seleção das imagens de Mobilizações anteriores que revelam a força guerreira dos brasileiros que são os verdadeiros donos desta terra.
Índios posam para a imprensa, no Senado
Marcha pela demarcação das terras indígenas
Índios no Congresso durante uma das mobilizações
Pirakumã Yawalapiti, uma das mais importantes lideranças do Território Indígena do Xingu (TIX),
durante mobilização em Brasília, em 2013, quando pede calça a um policial militar
logo após ter sido agredido com spray de pimenta e golpes de cassete. Ele faleceu em 2016 após infarto fulminante.
Esse mesmo momento, mas em foto de André D’Elia, ilustra a
nova edição do livro Povos Indígenas do Brasil, lançado pelo ISA este mês
Foto: Fábio Nascimento
Líder Kaiapó Raoni Metuktire em meio à confusão com a polícia nos gramados em frente à sede do governo em Brasília
Foto: Maira Hirigarai/Amazon Watch
Fotos: Fábio Nascimento, Lunaé Parracho (Mobilização), Nathália Clark (Greenpeace, foto de abertura deste post) e Lilian Hirata (Amazon Watch)