A poucos dias da eleição presidencial nos Estados Unidos, que serão realizadas em 5 de novembro, 82 pesquisadores, cientistas e economistas, todos ganhadores de prêmios Nobel em suas áreas, divulgaram uma carta pública em que apoiam a candidata do Partido Democrata e atual vice-presidente do país, Kamala Harris.
“Em nenhum momento da história da nossa nação houve uma necessidade maior de nossos líderes apreciarem o valor da ciência na formulação de políticas públicas. Os enormes aumentos nos padrões de vida e expectativas de vida nos últimos dois séculos são em grande parte o resultado de avanços na ciência e tecnologia. Kamala Harris reconhece isso e entende que manter a liderança dos Estados Unidos nesses campos requer apoio orçamentário do governo federal, universidades independentes e colaboração internacional. Harris também reconhece o papel fundamental que os imigrantes sempre desempenharam no avanço da ciência”, diz o texto da carta, que foi obtida pelo jornal The New York Times.
Entre aqueles que endossam o apoio estão, inclusive dois premiados com o Nobel este ano, David Baker (Química) e Gary Rukvun (Medicina).
A carta alerta ainda para o risco da reeleição do candidato do Partido Republicano, o empresário e ex-presidente americano Donald Trump – o primeiro na história do país a ter sido condenado por um crime – fraude contábil -, ao ocultar um pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels na eleição de 2016.
“Se Donald Trump vencer a eleição presidencial, ele prejudicará a futura liderança dos Estados Unidos
nessas e outras frentes, além de colocar em risco qualquer avanço em nossos padrões de vida, desacelerar o progresso da ciência e da tecnologia e impedir nossas respostas às mudanças climáticas“, alertam os ganhadores do Nobel.
Existe um grande temor de que, em um segundo mandato, Trump volte a enfraquecer as legislações ambientais nos Estados Unidos e desmonte a Agência de Oceanos e Atmosfera (NOAA), segundo recomendações de conselheiros de seu partido. Para eles o órgão, uma referência internacional nessa área, é “alarmista em relação à crise climática”.
Em maio deste ano, Trump declarou que, se reeleito, acabaria com as usinas eólicas no mar em seu primeiro dia de volta ao poder. Em 2019, o então presidente já tinha afirmado que o “barulho das turbinas eólicas provocava câncer”.
A verdade é que Trump apoia a indústria dos combustíveis fósseis. Durante sua atual campanha pela reeleição, ele se reuniu com vários presidentes e lobistas do setor para pedir US$ 1 bilhão. Prometeu reverter todas as medidas implementadas pela atual administração com foco na proteção ambiental e no combate às mudanças climáticas. Disse ainda que pretende acabar com a política de incentivo aos veículos elétricos, promovida por Biden.
Kamala Harris e o fracking
Em 2020, a filha de mãe indiana e pai jamaicano, se tornou a primeira mulher e negra a ser vice-presidente dos Estados Unidos. Advogada por formação, Kamala tem 60 anos e antes de assumir o cargo do lado do atual presidente, Joe Biden, na Casa Branca, foi procuradora, promotora de justiça e senadora pelo estado da Califórnia.
Kamala sempre fala sobre a mãe, que morreu em 2009. Imigrante, chegou ao país aos 19 anos. Shyamala era uma cientista, fazia pesquisas sobre o câncer de mama, mas também era uma ativista pelos direitos humanos e passou suas crenças para as duas filhas. Em sua atuação política, ela exerceu um papel importante para a aprovação de uma lei histórica sobre as mudanças climáticas na Califórnia e na legislação sobre igualdade no casamento gay.
Durante a campanha para a eleição como presidente, a candidata tem reforçado seu apoio às mulheres fazerem decisões sobre o próprio corpo, em referência à decisão da Suprema Corte, em 2022, que derrubou a garantia nacional ao direito ao aborto, estabelecida após a análise do caso “Roe x Wade”, de 1973.
Todavia, a candidata democrata tem sido muito questionada sobre sua posição em relação ao fracking, técnica utilizada para realizar perfurações para a extração de gás de xisto ou folhelho no subsolo, processo esse que libera compostos extremamente perigosos no ar e pode contaminar a água utilizada para abastecimento, irrigação e ecossistemas aquáticos.
No passado, Kamala se mostrou contra o fracking, mas agora em 2024, por causa dos estados onde a atividade é importante, como a Pensilvânia, e que podem definir o resultado da eleição, a vice-presidente declarou que não irá proibi-lo, mas não apoiará sua expansão.
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Foto de abertura: Democratic National Committe / Facebook Kamala Harris