
A lista da BBC 100 Women 2024 ou ‘100 mulheres mais inspiradoras e influentes ao redor do mundo em 2024’, produzida pela rede de TV britânica, foi definida com base na resiliência e classificou as escolhidas em cinco categorias: Pioneiras Climáticas, Cultura e Educação, Entretenimento e Esporte, Políticas e Advocacia e Ciência, Saúde e Tecnologia.
“Desde enfrentar conflitos mortais e crises humanitárias em Gaza, Líbano, Ucrânia e Sudão, a testemunhar a polarização em sociedades que se seguiram a um número recorde de eleições ao redor do mundo, as mulheres tiveram que cavar fundo e encontrar novos níveis de resiliência”, destaca o texto de apresentação.
“Queríamos reconhecer o preço que este ano teve sobre as mulheres em todo o mundo, selecionando aquelas que – por meio dessa qualidade – estão pressionando por mudanças e melhorando vidas em nível comunitário ou global”.
Entre as escolhidas estão mulheres como Gisèle Pelicot, sobrevivente de estupros coletivos promovidos pelo próprio marido (o julgamento está na fase final) e, ao abrir mão de seu direito ao anonimato e permitir que sua história alcançasse o mundo, tornou-se um símbolo de coragem e resiliência; Nadia Murad que, em 2016, foi nomeada a primeira embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano, e em 2018 ganhou o Prêmio Nobel da Paz juntamente com o Dr. Denis Mukwege (ambos do Global Survivors Fund) e a atriz, filantropa, autora e produtora Sharon Stone, que apoia causas humanitárias diversas e foi reconhecida pelos ganhadores do Prêmio Nobel com o prêmio Peace Summit por suas atividades em apoio a pessoas com HIV.
Na lista também estão três brasileiras que se destacam em suas áreas de atuação: a ginasta Rebeca Andrade (categoria Entretenimento e Esporte), a ativista pelos direitos das prostitutas Lourdes Barreto (Políticas e Advocacia); e a bióloga Silvana Santos(Ciência, Saúde e Tecnologia).
Rebeca Andrade
“Ser resiliente está conectado a como lidamos com as coisas que acontecem conosco e a ajudar meus companheiros de equipe a ver o lado bom, mesmo quando as coisas estão realmente ruins”, define a ginasta que se tornou a maior medalhista da história olímpica brasileira (ela também tem nove títulos mundiais).

Foto: BBC 100 Women 2024 /divulgação
Ela ganhou o ouro no solo em Paris 2024, derrotando a ginasta mais condecorada do mundo, Simone Biles. Durante a cerimônia de premiação, Biles e sua colega ginasta americana, Jordan Chiles, se curvaram para a brasileira, um gesto que se tornou viral e um emblema das Olimpíadas deste ano.
Filha de mãe solo, Rebeca tem sete irmãos. Até os dez anos, frequentava as sessões de treino em sua comunidade, nos arredores de São Paulo, enquanto sua mãe solo limpava casas para pagar seu treinamento.
Sua ascensão a fez superar muitas lesões graves, e ela falou abertamente sobre a importância de priorizar a saúde mental.
Lourdes Barreto
Ela passou a vida lutando por melhores direitos para as prostitutas – ou trabalhadoras do sexo – no Brasil, enfrentando e desafiando o preconceito desde os anos 1980.

Foto: BBC 100 Women 2024 /divulgação
Na mesma década, tornou-se ativista em Belém do Pará, na região amazônica, onde foi cofundadora da Rede Brasileira de Prostitutas, um dos primeiros movimentos organizados de trabalhadoras do sexo na América Latina.
Ela foi fundamental no estabelecimento de políticas de prevenção ao HIV no país e fez campanha para prevenir a disseminação do HIV entre comunidades de mineração de ouro. Em 2023, publicou sua autobiografia.
Agora, com 80 anos, o que ela mais deseja? “Que nossas histórias sejam valorizadas e não silenciadas. Nós mulheres do mundo, com nossa imensa capacidade de sonhar, de realizar, de pensar, de transformar a sociedade”.
Silvana Santos
A bióloga pioneira estuda a ocorrência de doenças genéticas raras e sua relação com casamentos entre pessoas intimamente relacionadas em áreas pobres do interior do Brasil.

Foto: BBC 100 Women 2024 /divulgação
Atribui sua descoberta inovadora no campo da genética – de uma doença rara no Nordeste – inteiramente ao acaso: conheceu uma família com a doença desconhecida na mesma rua onde morava.
Foi o que deu origem à pesquisa que a levou a identificar a Síndrome de Spoan (acrônimo em inglês para “paraplegia espástica, atrofia óptica e neuropatia”) no nordeste do Brasil, uma doença neurodegenerativa genética rara que causa paralisia progressiva.
Ela também estuda a ocorrência de doenças genéticas raras e sua relação com casamentos entre pessoas com parentesco próximo em áreas pobres do Brasil rural.
Nos 20 anos desde que iniciou sua pesquisa na cidade de Serrinha dos Pintos – no interior do estado do Rio Grande do Norte, a uma distância de 385 quilômetros da capital -, ajudou moradores afetados pela doença a obterem diagnóstico.
Para ela, demonstramos o poder da resiliência quando “percebemos que a vida é um ciclo. Na seca tórrida, nós apenas sobrevivemos. Na estação chuvosa, florescemos e cultivamos frutas”.
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Com informações da BBC 100 Women 2024 e da BBC Brasil
Fotos (montagem no destaque): BBC 100 Women 2024 / divulgação