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Ararinhas-azuis poderão ser vistas, pela primeira vez, por visitantes do Zoológico de São Paulo

Ararinhas-azuis poderão ser vistas, pela primeira vez, por visitantes do Zoológico de São Paulo

As ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) estão entre as aves mais icônicas do Brasil e do mundo. Por dois motivos: um bom e outro ruim. O primeiro é por sua beleza singular e a plumagem de um azul intenso, o que justamente levou à segunda questão, o seu desaparecimento na natureza. Vítima do tráfico ilegal e da cobiça de colecionadores internacionais, mas também, da perda de habitat, em 2000, a espécie foi declarada oficialmente extinta no Brasil. Deixou de voar livre pelos céus da Caatinga baiana, seu habitat original.

A história da ararinha-azul se tornou globalmente conhecida em 2011, através da animação Rio, dirigida pelo cineasta brasileiro Carlos Saldanha, que contava a trajetória de Blue, e se tornou um imenso sucesso das telas.

E nesta terça-feira (12/11), Saldanha foi um dos convidados especiais da inauguração de um novo espaço para as ararinhas-azuis na área de visitação do Zoológico de São Paulo. Pela primeira vez, os visitantes poderão ver e ouvir, de perto, duas dessas aves e aprender mais sobre elas.

Em maio deste ano, um Centro de Conservação da Ararinha-Azul foi criado no zoológico paulista, construído a partir de um pedido do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), órgão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que procurou a instituição paulista para receber, temporariamente, 27 ararinhas-azuis, provenientes de um criadouro conservacionista, em Minas Gerais, que deixou de trabalhar com a espécie.

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Na época, a administração do zoológico decidiu criar então um centro permanente para a espécie, que tem entre os objetivos, promover a reprodução em cativeiro e se possível, o encaminhamento de indivíduos para a reintrodução na vida selvagem, como o que já aconteceu com a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) – a instituição foi a primeira do país a reproduzir a espécie em cativeiro, a partir de um casal matriz resgatado do tráfico de animais, e enviou cinco aves para programas de soltura na Bahia.

Ararinhas-azuis poderão ser vistas, pela primeira vez, por visitantes do Zoológico de São Paulo
Ararinhas-azuis do centro de conservação da espécie: objetivo é reprodução e reintrodução na vida selvagem
Foto: divulgação Zoológico de São Paulo

Do total das 27 ararinhas-azuis residentes no Zoológico de São Paulo, duas agora foram levadas para a área de visitação pública. O recinto possui cerca de 200 metros quadrados e foi inspirado na paisagem da Caatinga baiana.

“É muito emocionante para mim estar aqui e presenciar a inauguração desse recinto histórico para as ararinhas-azuis e esse centro de pesquisa que existe há um bom tempo, mas que pela primeira vez tem esse recinto que o público vai poder ver, ao vivo, esse animal que já estava extinto e muita gente talvez só tenha visto no meu filme”, disse Saldanha, co-diretor de outras animações, como A Era do Gelo. “É importante ressaltar a importância de projetos como esse, de preservação, e mais ainda, da ampliação da conscientização das pessoas sobre esses animais e o desafio de proteger e restaurar. E o começo está aqui.”

Três araras das espécies mais ameaçadas do Brasil

Além do cineasta Carlos Saldanha, o evento contou com a participação ainda da bióloga Neiva Guedes, fundadora do Instituto Arara Azul e a maior especialista do mundo da espécie, endêmica do Brasil e encontrada principalmente no bioma Pantanal, mas também na Amazônia e em áreas de Cerrado.

Neiva foi convidada porque o Zoológico de São Paulo tem também duas outras áreas destinadas à pesquisa e conservação da arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus) e da arara-azul-de-lear, ambas ameaçadas de extinção.

Durante a cerimônia, a diretora do Instituto Arara Azul assinou um termo de cooperação técnica, que prevê o intercâmbio na execução conjunta de atividades relacionadas às ações de suporte à fauna vitimada pelos incêndios, muito atingida recentemente no Pantanal.

“A união de esforços é o único meio de alertarmos e mitigarmos os impactos tanto das mudanças climáticas, quanto das ações humanas que contribuem para o desaparecimento de espécies nativas no país”, ressaltou Kiko Buerguer, CEO do zoológico.

Ararinhas-azuis poderão ser vistas, pela primeira vez, por visitantes do Zoológico de São Paulo
Neiva Guedes, no centro, e Carlos Saldanha, o último à esquerda
Foto: divulgação Zoológico de São Paulo

Nos últimos anos, iniciou-se no Brasil um projeto de reintrodução da espécie na Bahia, mas infelizmente, envolto em muitas polêmicas, questionamentos e suspeitas, ele deixou de contar com a parceria do governo.

Atualmente, pelo que se tem conhecimento, há 334 ararinhas-azuis no mundo sob cuidados humanos (cativeiro), 85 estão no Brasil.

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Foto de abertura: divulgação Zoológico de São Paulo

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