O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos confirmou há poucos dias que um porco de uma pequena fazenda do Oregon testou positivo para o vírus H5N1, que provoca a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), chamada comumente de gripe aviária. Essa é a primeira vez no país que a doença infecta um suíno.
Além do porco, aves da fazenda também estavam contaminadas com a gripe aviária. Segundo a nota divulgada pelo Departamento de Agricultura, “o gado e as aves do local compartilhavam fontes de água, moradia e equipamentos; em outros estados, essa combinação permitiu a transmissão entre espécies.”
Embora o porco não apresentasse sintomas da gripe aviária, por precaução ele e os demais animais foram abatidos. A fazenda não opera comercialmente, por isso as autoridades ressaltaram que não há preocupação sobre a segurança fornecimento de carne suína no país como resultado da descoberta.
Contudo, a fazenda foi colocada em quarentena para evitar a disseminação do vírus. Outros animais, incluindo ovelhas e cabras, continuam a ser monitorados.
Ainda de acordo com o comunicado, o sequenciamento genômico do vírus das aves infectadas na fazenda não identificou nenhuma alteração no vírus H5N1 que pudesse sugerir que ele é mais transmissível aos humanos, “indicando que o risco atual para os seres humanos continua baixo.”
Todavia, alguns especialistas demonstram preocupação com a contaminação em porcos, já que eles podem ser infectados com vírus de aves e humanos, e numa possível troca de genes desenvolver um novo e mais perigoso vírus, que poderia infectar humanos com mais facilidade.
Porcos foram a fonte da pandemia de gripe H1N1, em 2009-2010, conhecida como gripe suína.
Pior epidemia mundial do H5N1
As aves migratórias, principalmente as aquáticas, são apontadas como as principais responsáveis pela transmissão da gripe aviária. Nelas o H5N1 é altamente contagioso. Poucos dias após a contaminação, os sintomas já ficam visíveis, como paralisia e inchaço de partes do corpo, e vários órgãos param de funcionar. O sistema neurológico é comprometido e os animais começam a apresentar tremores. A taxa de mortalidade chega a 90%.
No mundo todo, este é o pior surto de gripe aviária já registrado. Milhões de animais morreram em países do Hemisfério Norte, e na América do Sul, onde estima-se que mais de 500 mil aves vieram à óbito, além de 20 mil leões-marinhos só no Chile e no Peru (no Brasil houve vários casos também no Rio Grande do Sul em 2023).
Nos Estados Unidos, em maio deste ano, pesquisadores confirmaram oficialmente que um trabalhador de uma fazenda contraiu a gripe aviária após contato com uma vaca infectada. O caso aconteceu no Texas, mas ele apresentou apenas uma inflamação nos olhos, sem nenhum problema respiratório.
De acordo com um artigo publicado no The New England Journal of Medicine, uma das publicações médicas mais respeitadas do mundo, infecções humanas esporádicas pelo vírus da gripe aviária de alta patogenicidade já foram notificadas em 23 países ao longo de mais de 20 anos.
Infelizmente, já se sabe que o vírus, inicialmente apenas identificado em aves, agora contamina também mamíferos e pode ser passado entre espécies diferentes, como por exemplo, de vacas para felinos. No começo de maio, gatos que ingeriram leite cru, ou seja, não pasteurizado, morreram, vítimas da gripe aviária, também no Texas (saiba mais aqui).
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Foto de abertura: Adrian Infernus on Unsplash