Entre 247 e 237 milhões de anos atrás, no Período Triássico, antes mesmo do surgimento dos dinossauros, viveu na Terra uma espécie de réptil, medindo cerca de 1 metro de comprimento – um predador, que se alimentava de outros animais. Batizado de Parvosuchus aurelioi, seus remanescentes fósseis foram descobertos no município de Paraíso do Sul, na região central do Rio Grande do Sul.
A descrição do réptil foi feita por Rodrigo Temp Müller, paleontólogo e coordenador do Centro de Apoio a Pesquisas Paleontológicas da Universidade Federal de Santa Maria, e divulgada no periódico científico Scientific Reports. A espécie é a primeira achada no Brasil do grupo chamado de Gracilisuchidae, anteriormente já encontrada na Argentina e na China.
No meio de uma doação de materiais recebida pelo Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa) no começo deste ano, após a remoção de fósseis de uma rocha, um crânio completo, parte da coluna vertebral, bacia e membros posteriores de um animal chamaram a atenção de Müller.
Depois de uma análise bastante minuciosa e comparação com outras espécies, o paleontólogo chegou à conclusão que esse gracilissuquideo era uma nova espécie. A forma dos dentes o fez deduzir que o réptil era carnívoro e a constituição leve do esqueleto que ele foi um animal veloz.
Segundo o pesquisador, antes da Era dos Dinossauros, “os ecossistemas foram dominados por precursores dos mamíferos e répteis de diversas linhagens. Dentre essas linhagens, uma das mais diversas foi a que posteriormente deu origem aos jacarés e crocodilos. Contudo, durante o Período Triássico, essa grande linhagem foi muito mais diversa do que é atualmente, com muitas formas terrestres ocupando o papel de predadores de topo de cadeia, enquanto outras desenvolveram couraças com espinhos para se proteger.”
Reprodução do que seria a era em que os répteis recém-descrito viveram, no Período Triássico
Ilustração: Matheus Fernandes Gadelha
O Rio Grande do Sul é um dos sítios paleontológicos mais ricos do mundo. E esta não é a primeira vez que Müller está envolvido na descoberta de uma nova espécie. Em agosto de 2023, ele também foi o autor de um estudo sobre outro fóssil de réptil, que viveu há 230 milhões de anos, localizado em São João do Polêsine. O achado ganhou repercussão internacional e acabou na capa da renomada revista científica Nature (leia mais aqui).
Müller e o fóssil do crânio do Parvosuchus aurelioi
Foto: Janaína Brand Dillmann
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Imagem de destaque: Matheus Fernandes Gadelha (ilustração) Rodrigo Temp Müller (foto do crânio)