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‘Água Pantanal Fogo’: Luciano Candisani e Lalo de Almeida unem talentos pela preservação do bioma

'Água Pantanal Fogo': Luciano Candisani e Lalo de Almeida unem talentos pela preservação do bioma

Faz dias que a maior planície alagável do planeta tem sido notícia, com certa frequência, não só por sua biodiversidade e beleza exuberante e pela primeira Lei do Pantanal, que começou a vigorar em 18 de fevereiro, mas também devido ao risco de desaparecimento do bioma que está novamente sob a ameaça da seca e do fogo.

Desde 2020, quando quase 30% de sua extensão foi consumida pelos piores incêndios de sua história, o risco de que a tragédia se repita têm sido constante. Uma das mais importantes iniciativas para o combate às chamas criadas nesse período é o programa Brigadas Pantaneiras, liderado pelo Instituto SOS Pantanal.

E é este programa que será o grande beneficiário da exposição Água Pantanal Fogo, organizada pela Documenta Pantanal que reúne 80 obras de dois grandes fotógrafos da atualidade – Luciano Candisani e Lalo de Almeida – e o curador Eder Chiodetto, que será inaugurada em 7 de março no Instituto Tome Ohtake, e vai até 12 de maio.

Seis das imagens expostas foram doadas pelos autores para serem leiloadas durante a exposição, e o valor arrecadado será totalmente revertido para as Brigadas Pantaneiras.

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Idealismo, paixão e militância

Água Pantanal Fogo, como o próprio nome sugere, levará o público a uma viagem aos contextos antagônicos que integram a paisagem pantaneira.

Enquanto Candisani apresenta trabalho produzido durante as cheias locais, com imagens que constituem um acervo iconográfico impressionante (o livro Terra d’Água Pantanal, lançado em setembro de 2021, é um deslumbre, como contamos aqui), Lalo mostra uma seleção de imagens impactantes produzidas diante do fogo que assolou o Pantanal durante os incêndios de 2020.

Foi devido a esse trabalho, que rodou o mundo, que Lalo venceu o World Press Photo na categoria Meio Ambiente (veja aqui), com a série ‘Pantanal em Chamas’. A foto do macaco bugio carbonizado (abaixo) foi uma das que causaram mais impacto no público, talvez pela semelhança do animal com os seres humanos, que, a priori, pode confundir, além do cenário à sua volta, totalmente queimado.

'Água Pantanal Fogo': Luciano Candisani e Lalo de Almeida unem talentos pela preservação do bioma
Incêndio na Fazenda Santa Tereza na região da Serra do Amolar, no Mato Grosso do Sul / Foto: Lalo de Almeida

Candisani, por sua vez, já fotografou em 40 países, incluindo regiões geladas do Ártico e Antártica, e faz parte do coletivo The Photo Society, grupo exclusivo de fotógrafos com matérias completas publicadas na edição principal da revista National Geographic.  

'Água Pantanal Fogo': Luciano Candisani e Lalo de Almeida unem talentos pela preservação do bioma

Para Chiodetto, curador da exposição, os dois são “cronistas visuais que frequentemente buscam parcerias com cientistas e pesquisadores. Para obter o resultado exposto nessa mostra, criam logísticas complexas e se expõem a vários tipos de perigo. É em trabalhos como esses, nos quais aliam idealismo, paixão e militância, que a fotografia alcança seu ápice, tornando-se uma janela aberta a revelar as idiossincrasias e o sublime do mundo”. 

'Água Pantanal Fogo': Luciano Candisani e Lalo de Almeida unem talentos pela preservação do bioma
Vazante do Mangabal. Pantanal da Nhecolândia (MS), março 2011 / Foto: Luciano Candisani (esta foto faz parte do leilão)

'Água Pantanal Fogo': Luciano Candisani e Lalo de Almeida unem talentos pela preservação do bioma
Foto: Lalo de Almeida

Leonardo Gomes, diretor-executivo do Instituto SOS Pantanal, destaca que “com esta incrível exposição, temos o olhar de dois grandes fotógrafos sobre dois elementos imperativos na formação do Pantanal. Além de trazer visibilidade às belezas e preocupações em torno da água e do fogo, o recurso arrecadado com a venda das fotos irá fortalecer um outro elemento crucial para o bioma, o pantaneiro“.

E completa: “O valor será utilizado na manutenção de equipamentos, capacitação e aprimoramento das brigadas de incêndio, numa perene e fundamental ferramenta de adaptação às mudanças climáticas, além das melhorias no  sistema de monitoramento remoto que chega por telefone a dezenas de comunidades nos diversos pantanais”.

Abaixo, algumas fotos da exposição – entre elas, algumas que participam do leilão – e, em seguida, mais sobre o Documenta Pantanal e as Brigadas Pantaneiras.

“Entre as principais nascentes do Rio Olho d’Água até o encontro com o Rio da Prata, há vários pontos de ressurgência de agua no subsolo calcário, como este”, conta Luciano Candisani. RPPN Fazenda Cabeceira do Prata, Jardim (MS)
Foto: Lalo de Almeida
Foto: Luciano Candisani
Foto: Lalo de Almeida
Foto: Luciano Candisani
Onça-pintada caminha entre a vegetação queimada do Parque Estadual Encontro das Águas. Poconé (MT), 2020 / Foto: Lalo de Almeida (esta foto participa do leilão)
Cardume de mato-grossos, peixinhos vermelhos, tenta comer os ovos depositados por uma piranha junto a raízes de aguapé. Lagoa Marginal do Rio Formoso, Bonito (MS), agosto 2012 / Foto: Luciano Candisani (esta foto estará no leilão)
Cervo-do-pantanal atravessa a rodovia Transpantaneira em meio à fumaça de um incêndio florestal. Poconé (MT), 2020 / Foto: Lalo de Almeida (esta foto está no leilão)
“Assim como os animais, o homem pantaneiro também tem sua vida controlada pela dinâmica das águas. Percebi a oportunidade de fazer essa imagem sobre essa ideia ao notar, sem quer, a silhueta da nossa canoa dentro d’água, enquanto mergulhava em busca de peixes”, conta Luciano Candisani. Foto na Vazante do Mangabal, Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul
Foto: Lalo de Almeida

Artistas pelo Pantanal

Esta não é a primeira vez que o Documenta Pantanal articula ações pela preservação desse bioma. 

Em 2021, por exemplo, promoveu o evento Artistas pelo Pantanal, quando 45 obras, em diversas linguagens, foram doadas por 42 artistas visuais, alcançando uma arrecadação de R$ 2 milhões (contamos aqui). À época, participaram da iniciativa os artistas Adriana Varejão, Araquém Alcântara, Carlito Carvalhosa, Elisa Bracher, Jac Leirner, João Farkas, José Bento, Laura Lima, Leda Catunda, Luciano Candisani, Luiz Zerbini, Regina Silveira, Santídio Pereira e Sérgio Sister e Vik Muniz.

Mônica Guimarães, coordenadora do Documenta Pantanal, ressalta que “está no escopo da iniciativa ações que possam auxiliar trabalhos em prol do preservação do Pantanal. O bioma continua a queimar e, neste ano, ainda tivemos incêndios em plena cheia, o que é muito preocupante e óbvio reflexo das condições climáticas. A exposição Água Pantanal Fogo é uma extensão da ação que fizemos em 2021 e que continuaremos a fazer com todos os artistas que se dispuserem a ajuda o Pantanal”.

As brigadas

Atuantes desde 2020, as Brigadas Pantaneiras fazem parte de um programa que depende de doações com o propósito claro de prevenir e responder aos focos de incêndio.

São 24 brigadas treinadas e equipadas, espalhadas entre fazendas e comunidades, que têm papel crucial nas operações de prevenção e combate coordenadas por instituições competentes.

Até outubro de 2023 as brigadas foram responsáveis pela diminuição em 89% de área queimada em suas áreas de atuação, com redução de 76% dos focos de calor das mesmas, protegendo território de mais de 650 mil hectares (falamos delas aqui).

Esses números podem se tornar ainda mais expressivos com expansões planejadas. Para isso, cada doação contribui diretamente para cobrir custos de logística e operação dos brigadistas, que enfrentam riscos diários para proteger fauna, flora e o equilíbrio ecológico do Pantanal.

A exposição

ÁGUA PANTANAL FOGO 
Luciano Candisani e Lalo de Almeida
Curadoria: Eder Chiodetto
Instituto Tomie Ohtake – Av. Faria Lima 201 (entrada pela Rua Coropé, 88), Pinheiros, SP
8 de março a 12 de maio de 2024
De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca.

O registro do macaco morto impressiona pela semelhança com a figura humana e pela dificuldade em distinguir a diferença entre o corpo do animal e o cenário em volta dele, também carbonizado.

Fotos: Documenta Pantanal/divulgação

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