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Projeto de lei que proíbe produção e comercialização de foie gras no Brasil é aprovado no Senado e segue agora para votação final na Câmara

Projeto de lei que proíbe produção e comercialização de foie gras no Brasil é aprovado no Senado e segue agora para votação final na Câmara

A grande maioria da população brasileira nem sabe o que é foie gras. O termo em francês se refere a uma “iguaria” obtida com o fígado de patos e gansos. Para isso, esses animais são forçados, através da inserção de uma tubo em suas gargantas, a ingerir uma quantidade enorme de alimentos, duas a três vezes por dia. Esse processo cruel e bárbaro, chamado de “gavage”, feito por cerca de 12 a 15 dias antes do abate, faz com que o fígado inche, chegando a crescer até 12 vezes, e aumente em até 50% o nível de gordura.

Com custo altíssimo, o foie gras é consumido apenas por quem tem muito dinheiro. Proibido já em muitos países, o patê ainda é encontrado no Brasil. De acordo com o Instituto Law for a Green Planet, três empresas o produzem: em Indaial (SC), Cabreúva (SP) e Valinhos (SP).

Mas um projeto de lei aprovado na semana passada no Senado, em Brasília, quer banir definitivamente o comércio do foie gras no país. O objetivo do PL 90/2020 é proibir, em todo o território nacional, a produção e a comercialização de qualquer produto alimentício “obtido por meio de método de alimentação forçada de animais”, incluindo a produção e a comercialização de foie gras, in natura ou enlatado.

Na quarta-feira (11/05), o texto passou pela Comissão de Meio Ambiente (CMA), votado em caráter terminativo, e agora segue para análise da Câmara dos Deputados, caso não haja recurso para votação no Plenário do Senado.

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Se aprovada a nova lei, ela entrará em vigor após 180 dias de sua publicação, e a multa para os infratores será de pena de detenção de três meses a um ano e multa, estabelecidas na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605,de 1998) e “outras sanções administrativas, como advertência; multa simples ou multa diária; destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade; e apreensão dos animais, produtos e subprodutos dos instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos utilizados na infração”.

O autor do PL 90/2020 é o senador Eduardo Girão (PODEMOS/CE) que em seu texto denuncia que apesar da luta dos ativistas na defesa do bem-estar dos animais, ainda hoje no Brasil cidadãos abastados continuam consumindo o produto.

Além da superalimentação a gansos e patos provocar uma doença caracterizada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado, eles sofrem lesões na garganta e no esôfago, causadas pelo tubo que leva a ração diretamente para o estômago, o que resulta em inflamações, infecções e problemas respiratórios. Segundo veterinários, doenças no sistema digestivo estão associadas com a morte prematura desses animais. Por último, o aumento no tamanho do fígado hipertrofiado torna a respiração mais difícil e o andar doloroso.

Patos e gansos são forçados a ingerir um quilo de pasta de milho por refeição,
(Foto: Animal Equality)

Foie gras: proibição em diversos países

Em 2004, uma legislação igual, banindo a comercialização de foie gras, foi aprovada no estado da Califórnia, todavia, só passou a valer em 2012. A associação de fabricantes do produto entrou com uma ação contra a decisão na Corte Federal de Los Angeles, mas acabou perdendo o caso em 2017.

Em 2005, a Suprema Corte de Israel decidiu também que a produção de foie gras violava as leis de crueldade com animais do país e a prática foi proibida.  

Alemanha, Reino Unido Suíça baniram a fabricação do patê, entretanto, a venda (importação) neste último ainda é permitida, mas é necessário constar na embalagem a informação de que as aves foram alimentadas à força. Em 2014, a Índia proibiu a importação de foie gras e a União Europeia trabalha para eliminar progressivamente a alimentação forçada de aves em seus países membros até 2020.

Venda de foie gras pode ser proibida em Nova York

No Brasil, em 2015, uma lei no município de São Paulo tornou ilegal a produção e a comercialização, mas foi considerada inconstitucional pela justiça (leia mais aqui)..

Em 2018, em Florianópolis, a regulamentação foi bem-sucedida. A multa para quem produz, na capital catarinense, pode chegar a R$ 500 mil e a até R$ 50 mil. para os restaurantes que oferecem o prato. No caso de reincidência, o valor sobe para R$ 500 mil.

Segundo a organização de proteção animal, PETA, além da crueldade envolvida no processo de fabricação do patê, como o foie gras é feito dos fígados de apenas machos, todas as fêmeas – 40 milhões delas por ano, somente na França -, são inúteis para a indústria e, portanto, simplesmente jogadas em moedores, vivas, para que seus corpos possam ser transformados em fertilizante ou comida de gato.

*Com informações da Agência de Notícias Senado

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Foto de abertura: divulgacao/Animal Equality e imagem de foie gras: fs999/creative commons/flickr

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