Que homenagem mais linda! Em geral, quando há um registro de nascimento de um filhote de onça-pintada no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, a equipe do projeto Onças do Iguaçu, que faz o monitoramento da espécie na região, costuma fazer uma votação para escolher o nome do novo morador do local. Mas desta vez, não houve dúvida sobre como ficaria conhecido o jovem macho, que deve ter pouco mais de seis meses, e foi flagrado pelas armadilhas fotográficas instaladas na mata: Aritana.
Em um texto lindo e muito delicado, o time do Onças do Iguaçu falou sobre a escolha:
“Temos um nome especial guardado no coração, uma homenagem que queremos prestar a uma pessoa maravilhosa: ARITANA.
O Aritana Yawalapiti foi uma liderança para os povos indígenas do Xingu. Falava pelo menos quatro línguas diferentes, e era umas das últimas pessoas a falar o idioma tradicional de seu povo, o Yawalapiti, mesmo nome da etnia.
Ele sempre foi um grande mediador das relações de contato do mundo do branco com os xinguanos. Um articulador de mundos, defensor da luta pela preservação e perpetuação da cultura de seu povo.
Em 2020, o Aritana contraiu COVID-19 e infelizmente faleceu. Aritana foi um gigante como defensor da natureza, um guardião para a Amazônia e seu legado será eterno.
Nesse vídeo feito pelo fotógrafo Adriano Gambarini, ele fala um pouco sobre as onças para o Rogério Cunha de Paula, biólogo do CENAP/ICMBio.
Essa oncinha maravilhosa carrega agora o nome desse doce guerreiro.
Que essa floresta te acolha, pequeno Aritana, e que a força desse guerreiro te acompanhe e proteja”.
O filhote que agora se chama Aritana é filho de Indira, uma fêmea que nasceu no parque em 2018. Em abril, foi a primeira vez que as câmeras registraram sua presença. Na época, sua idade foi estimada em 4 ou 5 meses.
“Desde então, não tínhamos tido mais nenhum registro dele, e estávamos bem apreensivos”, conta Yara Barros, coordenadora do Onças do Iguaçu. Mas as imagens mostram que o macho está bem e saudável para alívio e felicidade de todos.
Aritana Yawalapiti era uma das principais lideranças da Terra Indígena do Xingu e vivia na aldeia Tuatuari, no Mato Grosso. Tinha 74 anos e em julho contraiu o novo coronavírus. Infelizmente não resistiu à doença e faleceu no dia 5 de agosto.
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Imagem: reprodução vídeo
Que este importante nome lhe traga muita sorte, saúde e prosperidade, pequeno lindo guerreiro.
Independente de nome, a espécie merece respeito, direito a vida e ao seu habitat.