Foi assim, de forma clara e direta – “Se não mudarmos, estamos fodidos!” -, que a ativista Greta Thunberg definiu a situação da humanidade diante das crises que vem enfrentando, não só relacionadas à pandemia da covid19, como a outras doenças e epidemias e também às alterações do clima, provocadas pela destruição da natureza. A principal razão: uma alimentação à base de carne.
A declaração está no vídeo que integra a campanha #ForNature ou #PelaNatureza, da ONG Mercy for Animals – MFA (que luta por um sistema alimentar mais compassivo com os animais), lançada com o intuito de conscientizar as pessoas sobre os impactos negativos da pecuária, neste fim de semana.
Ela destaca que, devido ao nosso distanciamento da natureza, não percebemos a interligação de todos esses aspectos, e se propõe “a ligar os pontos”.
Sugere que nos alimentemos mais de vegetais para proteger o meio ambiente e parar de promover o sofrimento de animais. Greta sabe bem do que fala: é vegana.
Para embasar sua sugestão, usa dados impactantes a respeito da porcentagem de novas doenças oriundas de animais – 75% -, que chegam até nós devido à destruição de seus habitats e do consumo de suas carnes, contribuindo para coloca-los em risco de extinção.
E Greta ainda relembra as palavras do secretário das Nações Unidas, António Guterres: “Há tempo demais, estamos travando uma guerra suicida e sem sentido contra a natureza”.
Seres sencientes
Greta também destaca a quantidade de animais mortos para nos alimentar: “mais de 60 bilhões, sem contar os peixes – cujos números são tão grandes que medimos suas vidas por peso”.
Greta também conta que 83% da terra explorada pelo agronegócio no mundo é para alimentar animais, mas que a carne é responsável por apenas 18% de nossas calorias. Além disso, ¼ das emissões de gases de efeito estufa advém da agricultura e do uso da terra e, se basearmos nossa alimentação nos vegetais, “podemos poupar até 8 milhões de toneladas de CO2, todos os anos!”.
E apela para os sentimentos e emoções dos animais. A ciência prova que eles são seres sencientes. Ou seja, percebem o que acontece ao seu redor e sofrem, como qualquer ser humano.
“Alguns animais fazem planos para o futuro, formam amizades que duram décadas. Eles brincam e ajudam uns aos outros. Eles dão sinais do que chamamos de empatia. Mas 70% dos que exploramos vivem dentro de fazendas industriais. Nos EUA esse número é de 99%. Suas vidas são curtas e terríveis!”.
O que fazer?
Por fim, pergunta: “Então, o que você pode fazer?”. A resposta está em mudanças que você pode fazer em seu cotidiano e nos seus hábitos de consumo.
E o site da campanha também propõe outras três ações:
– o compromisso com uma alimentação “à base de vegetais” por meio de um pequeno formulário, que será enviado para a ONG MFA;
– a assinatura de uma petição que será enviada por e-mail para empresas como McDonald’s, Domino’s e Starbucks solicitando que reduzam o impacto de sua produção no meio ambiente e nos animais, priorizando vegetais em seu cardápio;
– a assinatura de uma petição que será enviada por e-mail à ONU para solicitar que desempenhe papel crucial no direcionamento de temas importantes como a proteção do meio ambiente e o bem-estar animal.
Agora, assista ao vídeo da campanha #ForNature:
No Brasil, mineração e exploração madeireira também são vilões
No Brasil, o agronegócio é um grande vilão do meio ambiente. Tanto é que o lobby no Congresso é grande e a bancada ruralista está sempre propondo medidas e projetos de lei que deixem a natureza cada vez mais desprotegida.
Vide a Lei Geral do Licenciamento– batizada por ambientalistas de Lei do Não-Licenciamento Ambiental – aprovada recentemente na Câmara dos Deputados.
Mas é imprescindível não esquecer que, parte dos impactos causados ao meio ambiente e aos povos originários advém não só da pecuária, mas também da exploração madeireira e da mineração.
Com um agravante. O próprio governo parece estar envolvido com esse tipo de crime. O ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim – além de nove agentes públicos -, estão sendo investigados pela Polícia Federal por suspeita de fazerem parte de uma quadrilha internacional de contrabando de madeira da Amazônia.
Foto: Divulgação/Mercy For Animals