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Ricardo Salles é alvo de operação da Polícia Federal, autorizada pelo STF. Presidente do Ibama foi afastado

Nada como começar o dia com uma boa notícia! A partir de hoje, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, é alvo de operação da Polícia Federal que investiga a exportação ilegal de madeira para Estados Unidos e Europa.

A operação da qual ele é o alvo principal apura crimes contra a administração pública que envolvem agentes públicos e empresários do setor madeireiro.

A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e batizada pela PF com o nome de Akuanduba, divindade dos indígenas da etnia Arara, sobre a qual conto mais adiante.

Por determinação de Moraes, a PF cumpre 35 mandados de busca e apreensão nos endereços residenciais de Ricardo Salles em São Paulo e em Brasília (funcional, neste caso) e no gabinete que ele montou no Pará para abrigar o Ministério do Meio Ambiente, do Ibama e do ICMBio, temporariamente, na semana passada. Para tanto, foram envolvidos 160 policiais federais.

Salles teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. O mesmo aconteceu com dez agentes que ocupavam cargos de confiança no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente.

Além de Eduardo Bim, presidente do Ibama, foram afastados e estão sendo investigados os seguintes agentes públicos:

– Leopoldo Penteado Butkiewicz, advogado e assessor especial de Salles no MMA;
– João Pessoa Riograndense Moreira Júnior, servidor do Ibama e diretor de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas;
– Olivaldi Alves Borges Azevedo, policial militar de SP e secretário adjunto de Biodiversidade do MMA;
– Wagner Tadeu Matiota, policial militar de SP e superintendente de Apuração de Infrações do Ibama;
– Olímpio Ferreira Magalhães, policial militar de SP e diretor de Proteção Ambiental do Ibama;
– Rafael Freire de Macedo, servidor do Ibama e coordenador-geral de Monitoramento do Uso da Biodiversidade e Comércio Exterior;
– Leslie Nelson Jardins Tavares, servidor do Ibama e coordenador de Operações de Fiscalização;
– Artur Vallinoto Bastos, servidor do Ibama e ex-superintendente no Pará e
– André Heleno Azevedo Silveira, servidor da Abin e coordenador de Inteligência de Fiscalização do Ibama.

Moraes também determinou a suspensão imediata da aplicação de um despacho emitido em fevereiro pelo Ibama, que liberou a exportação de madeira nativa sem fiscalização e sem emissão de autorizações de exportação.

A PF informou que esse despacho, “elaborado a pedido de empresas que tiveram cargas não licenciadas apreendidas nos EUA e Europa, resultou na regularização de mais de oito mil cargas de madeira exportadas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020”, de acordo com informações de O Globo.

“Vamos ver agora quais crimes serão descobertos. O fato é que Salles montou um verdadeiro escritório do crime ambiental no Ministério do Meio Ambiente e um dia teria que responder por isso”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

“Hoje infelizmente quem quiser saber sobre a questão ambiental no Brasil precisa abrir as páginas policiais”, acrescentou Astrini.

Akuanduba: divindade indígena que ‘restaura a ordem’ batiza operação da PF

Segundo a PF, as investigações começaram em janeiro e tiveram por base informações “de autoridades estrangeiras” que indicaram um “possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira”. 

A operação foi batizada como Akuanduba, que é uma divindade da mitologia do povo da etnia Arara, que vive na bacia do Rio Xingu, no Pará.

Akuanduba – que uns chamam de deus e outros de deusa – era um/a imponente flautista, responsável pela ordem do mundo e a proteção da humanidade.

Se alguém causa desordem, desobedece regras ou pratica excessos, a divindade toca sua flauta para chamar a atenção e assim restaurar a ordem.

Diz a lenda que Akauanda mantinha uma casca separando o céu da água, que protegia os seres humanos, para que não se afogassem. Mas, um dia, a divindade ficou enfurecida com a desobediência humana e a destruiu, jogando todos na água. A maioria não se salvou, mas os que sobreviveram, com a ajuda das aves, tiveram que aprender uma nova maneira de viver.

Linda história! Muito auspiciosa a escolha do nome – quem terá feito essa escolha? – para a operação que pode tirar Ricardo Salles e seus aliados do comando do Ministério do Meio Ambiente.

Quem ri por último…

Alexandre Saraiva, superintendente da PF do Amazonas / Foto: Divulgação

Enquanto a Operação Akuanda acontece, vale acompanhar o Twitter do delegado da PF, Alexandre Saraiva. Lembra dele?

Foi Saraiva quem comandou a operação da PF do Amazonas que, no final de dezembro do ano passado, confiscou mais de 40 mil toras de madeira nativa extraída da Amazônia, considerada a maior apreensão da história do país.

O volume apreendido passou de 200 mil m3 de madeira, que foram localizadas na divisa entre os estados do Pará e do Amazonas. 

Na ocasião, Salles criticou a operação da PF, em defesa dos criminosos, o que deixou Saraiva indignado. Este disse que foi a primeira vez que viu um ministro do Meio Ambiente se posicionar contra a proteção da Floresta Amazônica.

Em resposta ao ministro e fazendo referência a uma famosa frase sua, o delegado disse: “Na Polícia Federal não vai passar boiada”. Pra quem não lembra, em abril do ano passado, Salles propôs que o governo aproveitasse que “a imprensa só falava de Covid” para “alterar leis, sem passar pelo Congresso”.

Saraiva entrou com notícia-crime no STF contra Salles. Logo em seguida, foi afastado do cargo de superintendente da PF do Amazonas em seguida.

Como diz o ditado: quem ri por último, ri melhor. Vale muito acompanhar seus comentários no Twitter.

Leia também:
Eduardo Bim é o primeiro presidente do Ibama afastado do cargo

Foto: reprodução Twitter Ricardo Salles

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