*Texto alterado em 30/06/21 para atualização sobre os números da pandemia no mundo e no Brasil
Quase 4 milhões de mortos. Mais de 180 milhões de infectados. Esses são, até o momento, os números da pandemia da COVID-19 no mundo. O vírus que surgiu na China, extremamente contagioso, é o responsável pela maior crise sanitária desse século. E quais foram os países que melhor conseguiram lidar com a situação? Certamente não o Brasil, que em um ranking global divulgado pelo Lowy Institute, aparece em último lugar na gestão da pandemia.
Segundo os dados mais recentes da Johns Hopkins University, dos Estados Unidos, o Brasil é atualmente o país com o segundo maior número de vítimas da COVID-19, mais de 500 mil, e o terceiro em número de casos, 18 milhões.
O Lowy Institute, que é um think tank independente e apartidário, com sede em Sidney, na Austrália, analisou o desempenho de 98 nações perante o coronavírus. A China não foi incluída no estudo devido à falta de dados públicos disponíveis.
“O levantamento avalia como quase 100 países administraram a pandemia até o momento, começando após seu centésimo caso confirmado de COVID-19. Eles foram classificados em categorias amplas – por regiões, sistemas políticos, tamanho da população e desenvolvimento econômico – para determinar se existem variações significativas entre os diferentes tipos de Estados no tratamento da pandemia”, explicam os pesquisadores.
Sem grande surpresa, a Nova Zelândia aparece em primeiro lugar no ranking, como modelo de país que soube melhor controlar a pandemia. Com a imposição rápida de medidas rígidas de isolamento social pela primeira-ministra Jacinda Ardern, seguidas por seus 4,8 milhões de habitantes, o país teve 2.700 casos confirmados da COVID-19 e apenas 26 mortes. Em 15 de março do ano passado, quando havia o registro de somente 100 casos da doença e nenhum óbito, as fronteiras já foram fechadas.
Logo depois da Nova Zelândia, estão Vietnã, Taiwan, Tailândia, Chipre, Ruanda, Islândia, Austrália, Latvia e Sri Lanka (veja ranking completo ao final do texto).
“Embora o surto do coronavírus tenha começado na China, os países da Ásia e Pacífico, em geral, foram os mais bem-sucedidos em conter a pandemia. Em contraste, a rápida disseminação da COVID-19 ao longo das principais artérias da globalização rapidamente afetou primeiro a Europa e depois, os Estados Unidos. No entanto, a Europa também registrou a maior melhoria ao longo do tempo de qualquer região – com a maioria dos países do continente em um ponto excedendo o desempenho médio dos países da Ásia e Pacífico – antes de sucumbir a uma segunda onda mais severa da pandemia nos meses finais de 2020”, afirma a análise.
De acordo com a pesquisa, certos fatores estruturais parecem estar mais associados a resultados positivos. Por exemplo, os países menores (com populações com menos de 10 milhões de habitantes) se mostraram mais ágeis do que a maioria de seus congêneres maiores para lidar com a pandemia.
Brasil: a falta de liderança foi fatal
Segundo a análise feita pelo Lowy Institute, os níveis de desenvolvimento econômico ou as diferenças nos sistemas políticos entre os países tiveram menos impacto sobre os resultados na gestão da pandemia do que inicialmente imaginado. Isso fica claro quando se percebe que Ruanda, por exemplo, aparece entre os dez primeiros lugares do ranking, e Estados Unidos, ainda sob o governo de Donald Trump, ocupa uma das últimas posições, a 94a, para ser mais exata, ao lado de Bolívia e Irã.
Os pesquisadores citam o filósofo e cientista político Francis Fukuyama, que defendeu que a linha divisória na resposta efetiva à crise não tem sido o tipo de regime, mas “se os cidadãos confiam em seus líderes e se esses líderes presidem um estado competente e eficaz ”.
Infelizmente, este não foi o caso do Brasil, que está em 98o lugar no ranking. Desde o início da pandemia o presidente Jair Bolsonaro menosprezou o coronavírus e sua gravidade. O chamou de “gripezinha”. Demitiu dois ministros da Saúde (médicos). Defendeu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada pela ciência. Duvidou da importância do uso de máscaras de proteção e do distanciamento social e também, mais recentemente, da necessidade urgente da vacinação em massa.
O resultado de seu comportamento está na mortalidade no país. Os brasileiros representam 2,7% da população global. Apesar disso, as mortes devido à COVID-19 já são responsáveis por mais de 10% dos óbitos globais
Ranking global da gestão da pandemia
1 | Nova Zelândia | 94.4 |
2 | Vietnã | 90.8 |
3 | Taiwan | 86.4 |
4 | Tailândia | 84.2 |
5 | Chipre | 83.3 |
6 | Ruanda | 80.8 |
7 | Islândia | 80.1 |
8 | Austrália | 77.9 |
9 | Latvia | 77.5 |
10 | Sri Lanka | 76.8 |
11 | Estônia | 76.4 |
12 | Uruguai | 75.8 |
13 | Singapore | 74.9 |
14 | Malta | 73.3 |
15 | Togo | 72.8 |
16 | Malásia | 71.0 |
17 | Finlândia | 70.4 |
18 | Noruega | 70.0 |
19 | Lituânia | 69.7 |
20 | Coreia do Sul | 69.4 |
21 | Tunisia | 66.7 |
22 | Eslováquia | 64.5 |
23 | Dinamarca | 62.9 |
24 | Myanmar | 62.3 |
25 | Maldivas | 61.0 |
26 | Moçambique | 60.2 |
27 | Malawi | 60.2 |
28 | Trinidad e Tobago | 59.8 |
29 | Zâmbia | 59.8 |
30 | Uganda | 59.7 |
31 | Jamaica | 58.6 |
32 | Grécia | 58.4 |
33 | Eslovênia | 58.1 |
34 | Cote d’Ivoire | 57.9 |
35 | Emirados Arábes Unidos | 57.5 |
36 | Senegal | 55.9 |
37 | Suécia | 55.5 |
38 | Zimbabwe | 54.9 |
39 | República Democrática do Congo | 54.9 |
40 | Madagascar | 54.2 |
41 | Gana | 53.8 |
42 | Áustria | 52.8 |
43 | Irlanda | 51.3 |
44 | Bahrain | 50.2 |
45 | Japão | 50.1 |
46 | Etiópia | 49.1 |
47 | Kazaquistão | 49.0 |
48 | Quênia | 48.2 |
49 | Nigéria | 47.4 |
50 | Catar | 47.1 |
51 | Sérvia | 46.8 |
52 | Hungria | 46.3 |
53 | Suíça | 46.3 |
54 | Croácia | 45.9 |
55 | Alemanha | 45.8 |
56 | El Salvador | 43.0 |
57 | Namíbia | 42.0 |
58 | Paraguai | 40.9 |
59 | Itáilia | 40.4 |
60 | Belarus | 39.7 |
61 | Canadá | 39.5 |
62 | Israel | 39.5 |
63 | Portugal | 38.9 |
64 | Arábia Saudita | 38.5 |
65 | Polônia | 38.4 |
66 | Reino Unido | 37.5 |
67 | Bulgária | 37.4 |
68 | Marrocos | 37.1 |
69 | Paquistão | 36.9 |
70 | Nepal | 36.6 |
71 | Costa Rica | 35.8 |
72 | Bélgica | 35.6 |
73 | França | 34.9 |
74 | Turquia | 34.3 |
75 | Holanda | 33.5 |
76 | Rússia | 32.0 |
77 | Líbia | 31.7 |
78 | Espanha | 31.2 |
79 | Filipinas | 30.6 |
80 | Kuwait | 28.9 |
81 | Romênia | 25.4 |
82 | África do Sul | 25.4 |
83 | Iraque | 25.2 |
84 | Bangladesh | 24.9 |
85 | Indonésia | 24.7 |
86 | Índia | 24.3 |
87 | República Dominicana | 23.8 |
88 | Guatemala | 22.6 |
89 | Chile | 22.0 |
90 | Ucrânia | 20.7 |
91 | Omã | 20.3 |
92 | Panamá | 19.7 |
93 | Bolívia | 18.9 |
94 | Estados Unidos | 17.3 |
95 | Irã | 15.9 |
96 | Colômbia | 7.7 |
97 | México | 7.7 |
98 | Brasil | 4.3 |
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Foto: Erasmo Salomão/MS/Fotos Públicas
Com o cruel e genocida do Jair Bolsonaro no poder?! O Brasil foi o país mais envergonhoso do mundo.
Em todas as categorias. Nós, brasileiros estamos ansiosos para ele ser preso.