Ao lado de Joe Biden, o povo dos Estados Unidos acaba de eleger a primeira mulher vice-presidente de sua história democrática, em 243 anos: Kamala Harris. Sua eleição representa um marco importante no país, muito celebrado por todos.
Filha de mãe indiana e pai jamaicano, Kamala, de 56 anos, é advogada, foi procuradora e promotora de justiça e atualmente é senadora pelo estado da Califórnia. Ela também foi uma das pré-candidatas do partido democrata para concorrer à presidência, que acabou escolhendo Biden. Um dos motivos que aceitou o convite dele para concorrer à vice-presidência foi porque conhecia muito a família, já que era amiga pessoal de seu filho, Beau Biden, também procurador, que morreu em 2015, devido a um tumor no cérebro.
Durante a campanha eleitoral e em seus discursos, Kamala sempre destacou a mãe, que morreu em 2009. Imigrante, chegou aos Estados Unidos aos 19 anos. Shyamala era uma cientista, fazia pesquisas sobre o câncer de mama, mas também era uma ativista pelos direitos humanos e passou suas crenças para as duas filhas.
Kamala sempre trabalhou pelo direito das minorias. Também exerceu um papel importante para a aprovação de uma lei histórica sobre as mudanças climáticas na Califórnia e na legislação sobre igualdade no casamento gay.
Segundo o último censo realizado nos Estados Unidos, quase quatro em cada dez americanos se identificam como pertencendo a uma raça ou grupo étnico diferente dos brancos. O estudo sugere ainda que a década de 2010 a 2020 será a primeira na história da nação em que a população branca diminuirá em números.
Nesse país que fica cada vez menos branco, latinos e negros são 24% da população atual (cada um com aproximadamente 12%).
Por esta razão, é tão importante para milhões de americanas se verem representadas na Casa Branca. A partir de 20 de janeiro de 2021, mulheres e meninas negras e filhas de imigrantes saberão que Kamala Harris é a vice-presidente, ocupando o segundo cargo mais importante do país. Saberão que elas também poderão estar lá um dia ou alcançar seus sonhos, sejam quais forem eles.
O discurso da vitória
O anúncio da vitória do partido democrata nas urnas americanas foi divulgado por todos os canais de televisão do país no sábado, por volta do meio-dia. Horas mais tarde, à noite, Kamala Harris e Joe Biden subiram no palco montado ao ar livre, na cidade de Willmington, Delaware, para agradecer os votos recebidos.
Vestindo branco, cor usada pelo movimento sufragista, que lutou pelo direito das mulheres ao voto nos Estados Unidos – em 2020 foi celebrado 100 anos dessa conquista -, a vice-presidente eleita ressaltou que só chegou até ali graças a outras mulheres que a precederam. E como não poderia deixar de ser, lembrou da mãe.
“Estou pensando nela e nas gerações de mulheres negras, asiáticas, brancas, latinas e indígenas que, ao longo da história de nossa nação, pavimentaram o caminho para o nosso país nessa noite”, e ressaltou “Mulheres que lutaram e que se sacrificaram por igualdade, por liberdade e por justiça para todos. Inclusive as mulheres negras que muitas vezes são esquecidas, mas que são a base de nossa democracia. Todas as mulheres que trabalharam para poder votar e mudar a lei do voto. E agora, com essa geração de mulheres que depositou seu voto e continuou a lutar pelo direito de votar e serem ouvidas”.
E destacou a esperança para um novo futuro.
“Embora eu seja a primeira mulher neste posto, não serei a última, porque cada garotinha que me vê hoje, vê que esse é um país de possibilidades”, disse Kamala, em um dos momentos mais marcantes de seu discurso.
*Atualizado em 08/11/20 para incluir informações sobre o discurso de Kamala Harris na noite de sábado, 07/11/20
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Foto: reprodução Facebook Kamala Harris
Quem sabe tenhamos a mesma sorte, se a merecermos, de sermos adotados por quem possa cuidar de nós de verdade, da nossa fauna e flora devastadas, de nossos indígenas ameaçados, do nosso Meio Ambiente irrespirável e incendiado, recuperando nossa saúde fragilizada e nossa fé em Deus, quase morta.