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Natureza, família e conexões

Em 2017, lançamos a ‘brincadeira’ Caixas da Natureza. Durante o ano, foram seis edições: quatro para famílias e duas edições para grupos, com aproximadamente 600 caixas viajando pelo país. Só de lembrar nos dá uma alegria danada!

Recebemos muitos relatos comoventes e interessantes. Entre eles, alguns nos chamaram especialmente a atenção. Muitas famílias nos contaram que as expedições para criar sua Caixa da Natureza foram muito especiais, momentos em que sentiram que estavam juntos de verdade.

E o que será que provoca esta sensação de estar junto de verdade? Muito simples! Estar em contato com a natureza, estar com nossos familiares é um estímulo para estar presente e disponível.

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Nestes tempos em que diferentes dispositivos nos fazem estar em diferentes tempos e lugares, simultaneamente, estar presente e disponível é cada vez mais raro. Estar do lado de fora, em contato com a natureza, não nos conecta apenas com o mundo natural, mas também nos conecta com nós mesmos, com nossa essência e com quem está perto da gente.  A natureza convida a fazer essas conexões.

Este é um tempo em que estamos totalmente disponíveis para o encontro, sem distrações, e que a família naturalmente se abre para conversas, brincadeiras. Como consequência, as relações se estreitam e permite que todos se conheçam mais, uns aos outros. Estar em áreas naturais, brincando com elas, não apenas nos trazem benefícios para nossa saúde, bem-estar, mas também para nossas relações familiares. Por que será?

Geralmente, entendemos por família um pequeno grupo no qual nascemos, ao qual pertencem nossos pais e avós. Alguns que têm a sorte de conheceram seus bisavós e até seus tataravós. Todos os tios e primos estão incluídos nessa relação também, claro. É possível que a maior parte dos leitores não se lembre nem tenha referências dos pais dos seus tataravós, mas sabemos que eles existiram, senão não estaríamos aqui. E se fizermos o exercício de imaginar todas as gerações que nos antecederam, vamos chegar nos primeiros seres da espécie Homo sapiens e entenderemos que somos todos uma grande família.

Se continuarmos a imaginar as gerações que deram origem aos H. sapiens e assim por diante, vamos reconhecer nossos ancestrais primatas e todos os mamíferos, e, então, os répteis, anfíbios e peixes, até chegar à primeira célula viva, mais primitiva, mas muito parecida com as células que formam nosso corpo hoje.

Nesse processo, em que os animais foram se diversificando, as plantas também foram se complexificando, ocupando o espaço terrestre e realizando uma reação química determinante para que as coisas ocorressem como ocorreram: começaram a fazer fotossíntese ( desde muito antes de se dispersarem pelos continentes) e a emitir oxigênio na atmosfera.

Durante milhões de anos, elas preencheram a atmosfera de oxigênio, enquanto as próprias plantas e as atividades fisiológicas dos animais dialogaram com elas, entregando-lhes gás carbônico para essa reação. A concentração de oxigênio que existe, hoje, na atmosfera é perfeita para as características e condições de nosso corpo. O mesmo para todos os animais e plantas.

Estamos todos muito implicados e comprometidos uns com os outros, mesmo que raramente saibamos disso. Se lembrarmos de toda essa história, em um minuto podemos reconhecer nosso parentesco muito próximo com todas as plantas e animais que hoje existem. O contato direto e sensível com eles nos aproxima de nós mesmos e de nossas famílias, porque, possivelmente, é o sentimento filial que emerge. O sentimento de que somos filhos da mesma Terra, e que nos alegramos e ficamos presentes e disponíveis, porque isso é o essencial para nos darmos conta da delícia que é ter uma família tão grande, tão generosa e amorosa.

Que nas celebrações do final de ano possamos recordar, conviver e reverenciar toda a nossa grande família, que nos acolhe, nos forma, nos inspira e dá sentido à nossa caminhada por nossa Terra comum.

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