Quando vou fotografar, sempre imagino a imagem pronta antes para depois apertar o botão. O mestre da fotografia de paisagens Ansel Adams chamava isso de “visualização da fotografia”. Mas por que este trabalho se é só apontar e apertar o botão e olhar depois?
Quando você visualiza ou projeta a imagem antes do clique, já tem claro o que quer mostrar e o que quer transmitir com o registro. Lembre-se que fotografia também é uma linguagem. Ela é tirada para mostrar para os outros, transmitir uma mensagem, uma notícia, um acontecimento. Ou então, para guardar recordações. Em todos estes casos, quanto melhor você “visualizar” a fotografia antes de apertar o botão, melhor a sua ideia será transmitida através da imagem.
Pensando assim, o proprietário da câmera deve compreender pelo menos um pouco seu equipamento, entender um mínimo de técnica e do tema que está fotografando.
Nesta fotografia, por exemplo, eu queria mostra o lírio vermelho e as Prateleiras que ficam na parte superior do Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro. Como mostrar tudo numa imagem só? Visualizei antes na minha cabeça. Eu decidi me aproximar do delicado lírio e dar um peso muito forte na composição e deixar as Prateleiras num segundo plano, levemente desfocado.
A intenção foi dar uma importância relativa maior para o lírio que é efêmero, com a flor durando apenas uns dias, em contrapartida aos milhões de anos que o granito levou para ter a forma atual. A relação que criei nesta fotografia foi para transmitir a importância das plantas, que são uma das formas de intemperismo, que ao longo de milhares de gerações, ajudam a esculpir o granito.
Então escolhi fazer esta foto com uma grande angular para dar a sensação de que a flor é enorme em relação às Prateleiras, criando uma imagem diferente da que estamos acostumados a ver. É uma foto que chama atenção pela desproporção.
Para fazer a fotografia utilizei uma câmera Nikon D2x, com uma lente zoom 18-70mm em 18mm em formato APS (cropada), que tem ângulo de 75º ou equivalente a 27mm no formato full frame (FX). Para mostrar o miolo da flor com detalhes, disparei um flash SB-800 com rebatedor e cabo TTL com -1 EV (um ponto) em relação a luz do dia. Isso cria uma luz diferente, aumentando a profundidade da fotografia. A velocidade de disparo foi de 1/60, a abertura da lente f/10.
Foto: Zig Koch