Uma cachoeira de águas cristalinas, em plena capital? Um roteiro recheado de arte dentro da comunidade de Paraisópolis? Uma supercidade como São Paulo pode, sim, oferecer experiências turísticas consideradas sustentáveis. Para comprovar essa ideia, basta levar em conta uma premissa básica: qualquer viagem – seja ela urbana, de luxo, de sol e praia, gourmet ou de aventura – pode gerar impacto positivo no destino visitado. Basta que a presença do viajante melhore aquele lugar, com a preservação da paisagem ou de um patrimônio histórico, a valorização da cultura ou a geração de renda para quem mora ali.
Para mostrar alguns exemplos positivos de turismo sustentável em São Paulo, a Associação Garupa e a Editora Mol realizaram, no fim de agosto, um debate* na livraria Fnac, em Pinheiros. Como participantes, três instituições que levam muito a sério o turismo na capital. Saiba mais sobre essas iniciativas, e inspire-se para conhecer um outro lado da metrópole:
Turismo Social do Sesc
Uma caminhada pelas ruas da comunidade de Paraisópolis, para conhecer toda a produção artística do bairro (já ouviu falar de Estevão Silva da Conceição, o Gaudí brasileiro?). Um giro pela Liberdade, que conta a história da colonização japonesa na cidade. Uma visita à associação de produtores orgânicos de São Mateus, na zona leste, que ensina sobre agricultura urbana. E um tour até um terreiro de cultura afro-brasileira em Parelheiros, no extremo sul. Estes são quatro dos passeios organizados pelo Sesc, com a preocupação de colocar o turismo também como uma atividade educativa. Todos são acompanhados por guias, que buscam despertar outros olhares para cada destino.
Polo de ecoturismo de São Paulo
Reúne diversos atrativos turísticos do extremo sul de São Paulo, área que abrange as subprefeituras de Capela do Socorro e Parelheiros. Dá para conhecer, por exemplo, uma cratera que teria sido provocada pelo impacto de um corpo celeste na Terra, há cerca de 36 milhões de anos. Ou cachoeiras com águas limpas, em meio à Mata Atlântica preservada, com rastros de antas e jaguatiricas pelo caminho. Há também pousadas comunitárias, restaurantes com produtos orgânicos, aldeias indígenas, mirantes, roteiros de bicicleta, igrejas tombadas como patrimônio histórico… Tudo a menos de 50 km do centro. O Polo de Ecoturismo de São Paulo não organiza roteiros fechados até as atrações, mas deu incentivos fiscais e realizou intervenções para viabilizar o turismo nesses lugares – como a implantação de placas de sinalização.
Rota do Cambuci
Resgata e promove a cultura e o cultivo do cambuci, fruto endêmico da Mata Atlântica, na região Sudeste. A Rota promove festivais gastronômicos durante todo o ano tanto dentro da capital (Parelheiros, por exemplo) como nos municípios da Serra do Mar paulista (Paranapiacaba, Mogi das Cruzes, Salesópolis, etc.). Juntas, essas cidades têm mais de 40 atrativos turísticos, que incluem comunidades quilombolas, sítios, restaurantes e até chocolaterias – pois é, existe até trufa de chocolate recheada com cambuci.
*A Editora Mol relançou, no dia do debate, o livro Eu Amo Viajar, com parte da renda revertida para a Associação Garupa. A publicação traz 50 histórias de quem não tem medo de cair na estrada e é louco por viagens, além de fotos e dicas para uma viagem perfeita. Compre e embarque também!
Foto: Rota do Cambuci/Divulgação