Um projeto de lei a ser votado nos próximos meses, pelo Conselho da Cidade de Nova York, nos Estados Unidos, pode proibir a comercialização da famosa “iguaria” francesa, o foie gras, um patê feito de fígado de ganso, pato ou marreco.
A questão é que o processo de fabricação dele, chamado de “gavage”, envolve um método cruel e bárbaro. É necessário que os animais fiquem com o órgão dilatado (até 10 vezes seu tamanho normal) para que o fígado seja bastante gorduroso e para isso, eles são confinados e alimentados exaustivamente.
Alguns criadores usam luz artificial para que as aves fiquem acordadas mais tempo e comam maiores quantidades de ração e em outros casos, a comida é injetada através de tubos diretamente no esôfago.
Se o projeto de lei for aprovado em Nova York, quem desobeder a norma poderá pagar multa de até US$ 1 mil ou ter de cumprir um ano de detenção. Ou ambos, prevê o texto.
Foie gras: proibição em diversos países
Em 2004, uma legislação igual, banindo a comercialização de foie gras, foi aprovada no estado da Califórnia, todavia, só passou a valer em 2012. A associação de fabricantes do produto entrou com uma ação contra a decisão na Corte Federal de Los Angeles, mas acabou perdendo o caso em 2017.
Em 2005, a Suprema Corte de Israel decidiu também que a produção de foie gras violava as leis de crueldade com animais do país e a prática foi proibida.
Alemanha, Reino Unido Suíça baniram a fabricação do patê, entretanto, a venda (importação) neste último ainda é permitida, mas é necessário constar na embalagem a informação de que as aves foram alimentadas à força. Em 2014, a Índia proibiu a importação de foie gras e a União Europeia trabalha para eliminar progressivamente a alimentação forçada de aves em seus países membros até 2020.
No Brasil, em 2015, uma lei no município de São Paulo tornou ilegal a produção e a comercialização, mas foi considerada inconstitucional pela justiça.
Já no ano passado, em Florianópolis, a regulamentação foi bem-sucedida. A multa para quem produz, na capital catarinense, pode chegar a R$ 500 mil e a até R$ 50 mil. para os restaurantes que oferecem o prato. No caso de reincidência, o valor sobe para R$ 500 mil.
Segundo a organização de proteção animal, PETA, além da crueldade envolvida no processo de fabricação do patê, como o foie gras é feito dos fígados de apenas machos, todas as fêmeas – 40 milhões delas por ano, somente na França -, são inúteis para a indústria e, portanto, simplesmente jogadas em moedores, vivas, para que seus corpos possam ser transformados em fertilizante ou comida de gato.
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