Em junho de 2024, Tamayo Perry, salva-vidas e surfista conhecido por atuar no filme Piratas do Caribe morreu após ser atacado por um tubarão. Ele era a segunda vítima fatal desses animais, num intervalo de um mês, na região da ilha de Oahu, no Havaí. Infelizmente, esses tipos de acidentes acontecem e é preciso sempre lembrar que o mar é o lar dos tubarões e não dos seres humanos.
Contudo, o surfe é um esporte praticado por milhões de pessoas no mundo inteiro e muitas delas têm uma grande conexão e respeito pela natureza. Para tentar tornar essa atividade mais segura e reduzir o número de ataques a surfistas, pesquisadores realizaram testes usando luzes para enganar tubarões-brancos e os resultados foram promissores.
Ao longo dos últimos seis anos, o grupo de cientistas, liderado pela bióloga (e surfista) Laura Ryan, da Escola de Ciências Naturais da Universidade de Macquarie, na Austrália, conduziram seus experimentos na Baía de Mossel, na África do Sul, um dos lugares com a maior concentração de tubarões-brancos do planeta.
Lá eles utilizaram boias com o formato de focas-marinhas, puxadas por barcos, para tentar atrair os tubarões. Todavia, em algumas delas instalaram faixas perpendiculares de luzes LED.
A razão para o emprego da luz é que já se sabe que tubarões-brancos dependem de sua visão para encontrar presas e quando as acham, perto da superfície, as atacam por baixo. Contudo, como tubarões de outras espécies, acredita-se que o branco possua uma visão ruim e não consiga distinguir cores. “Mas eles têm uma maneira de compensar esse problema. Eles são realmente bons em detectar uma silhueta”, explica Laura.
E para eles, a silhueta de uma prancha ou de uma foca pode parecer a mesma coisa. Contudo, e se ela estiver iluminada? Para saber se isso realmente funcionava, os pesquisadores fizeram diversos testes e as faixas perpendiculares ao corpo da falsa foca foram que as demonstraram impedir mais o ataque dos tubarões.
“Quando você tem a iluminação ao longo do corpo, você ainda tem uma silhueta longa e estreita, que será semelhante ao que uma foca produz”, diz Laura.
“É como uma capa de invisibilidade, mas com a exceção de que estamos dividindo o objeto, a silhueta visual, em pedaços menores”, complementa o neurobiologista Nathan Hart, coautor do estudo. “É uma interação complexa com o comportamento do tubarão. As luzes precisam ter um certo padrão, um certo brilho.”
Os pesquisadores citam, por exemplo, que na própria natureza padrões corporais listrados são comuns e considerados uma forma de camuflagem disruptiva para deter e enganar predadores.
O próximo passo do experimento é usar as mesmas luzes em pranchas de surfe e ver o efeito. E ainda, se haverá diferença dela estar parada ou se movimentando na água. Será necessário também descobrir se a tática funciona com outras espécies de tubarão, apesar de o branco ser o principal responsável por ataques a surfistas.
Em 2023, foram registrados 69 ataques de tubarão no mundo. A grande maioria deles aconteceu nos Estados Unidos (36), e em seguida aparece a Austrália (15). O Brasil vem em terceiro lugar, com três acidentes, ao lado da Nova Caledônia. Desse total, 42% deles envolveram surfistas e esportes com pranchas (leia outras estatísticas aqui).
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Universidade de Macquarie
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Foto de abertura: divulgação Universidade de Macquarie