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Tamanduá-bandeira Fadinha, encontrada sozinha no Pantanal durante incêndios, é solta na natureza

Tamanduá-bandeira Fadinha, encontrada sozinha no Pantanal durante incêndios, é solta na natureza

Após quase três anos recebendo cuidados e treinamento do  Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil -, em 19 de março a tamanduá-bandeira Fadinha voltou à natureza! 

Foi solta próximo à região onde cresceu, em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul e será monitorada pela equipe do Instituto Tamanduá por meio de colete com GPS e radiofrequência, com o qual os pesquisadores poderão acompanhar seus passos e responder rapidamente a qualquer eventualidade.

Assim que os portões do recinto de imersão foram abertos, ela ganhou o mundo! (foto acima)

Órfãos do Fogo

Tamanduás-bandeira são considerados pelos conservacionistas como espécie sentinela dos incêndios, pois é uma das mais afetadas pelas altas temperaturas – lutam para regular a temperatura corporal -, e a primeira a fugir do calor. Nessa empreitada, muitas vezes chegam às estradas e tornam-se vulneráveis, correndo o risco de serem atropelados.

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Foi o que certamente aconteceu com a mãe da Fadinha, em 2021, quando novos incêndios devastaram o Pantanal. A filhote, que tinha apenas três meses, foi encontrada sozinha pela Polícia Militar Ambiental (PMA), vagando por uma estrada.

Levada ao CRAS – Centro de Reabilitação de Animais Silvestres MS (órgão do Imasul – Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), recebeu os primeiros cuidados e permaneceu durante um mês. Em seguida, foi encaminhada para o projeto Órfãos do Fogo, criado pelo Instituto Tamanduá devido aos incêndios devastadores de 2020.

O projeto tem o apoio da organização Proteção Animal Mundial e conta com a parceria do governo do Estado, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Melhor amigo

O projeto Órfãos do Fogo já acolheu 15 tamanduás reintroduzidos no Pantanal, entre eles, Cecília e Darlan (reintroduzidos em fevereiro de 2023) e Tereré, um tamanduá-bandeira macho encontrado ainda filhote ao lado do corpo da mãe, que havia sido atropelada enquanto fugia de incêndio florestal.

Tereré se tornou muito amigo da Fadinha durante o período de reabilitação e treinamento. Não se largavam. E, sempre que se assustava com algo, ela pulava nas costas dele, em busca de proteção, como na foto abaixo. Muito fofos!

A torcida da equipe do Instituto está forte para que os dois se reencontrem e continuem se divertindo no Pantanal.

Tamanduá-bandeira Fadinha, encontrada sozinha no Pantanal durante incêndios, é solta na natureza
Quando se assustar com algo, Fadinha subia nas costas do amigo Tereré. Ele foi solto no final do ano passado, então quem sabe se encontram no Pantanal…
Foto: Proteção Animal Mundial

“Um doce de tamanduá!”

Assim que chegou à Pousada Ágape, onde viveu até a soltura, a equipe de especialistas iniciou os protocolos para sua jornada rumo à recuperação e à volta a seu habitat

Como todos os filhotes acolhidos pelo projeto, Fadinha ganhou “mães veterinárias”, que trabalharam de forma incansável para cuidar de sua saúde, se revezando a cada duas horas para lhe dar mamadeira. 

Tamanduá-bandeira Fadinha, encontrada sozinha no Pantanal durante incêndios, é solta na natureza
Uma das “mães veterinárias” do Instituto Tamanduá carrega Fadinha ainda filhote, logo no início da reabilitação
Foto: Instituto Tamanduá

No começo da vida, filhotes de tamanduá em vida livre têm ligação muito forte com suas mães. Era preciso ocupar esse lugar, o que as profissionais fizeram muito bem.

À medida que o tempo passava, elas introduziam novos hábitos para tornar a pequena cada vez mais independente. 

Tamanduá-bandeira Fadinha, encontrada sozinha no Pantanal durante incêndios, é solta na natureza
Esta é Flávia Miranda, bióloga, médica veterinária e presidente do Instituto Tamanduá, com um filhote muito pequenino de tamanduá-bandeira, espécie à qual dedica sua vida
Foto: João Marcos Rosa para o Instituto Tamanduá

“Fadinha passou pela adaptação, mamadeira, depois a introdução alimentar no potinho, para perder o vínculo com a mamadeira. Aí fazemos adaptação com ração com cupinzeiro e eles vão ficando mais aptos a ficarem sozinhos”, conta Flávia Miranda, bióloga, médica veterinária e presidente do Instituto Tamanduá.

“O processo demora um ano e meio de treinamento e acompanhamento do crescimento na nossa base”, completa.

A bióloga ainda destaca que “Fadinha é um doce de tamanduá!” e a chama de guerreira por ter conseguido sobreviver sem a mãe e tornar-se apta a retornar a seu ambiente natural.

Livre e selvagem

Tudo ia bem e o dia marcado para a soltura da filhote se aproximava, mas uma onda de calor repentina atrasou a reintrodução, em alguns dias. A prioridade era garantir seu bem-estar, não soltá-la a qualquer custo.

Em 19 de março, o tempo estava propício e as portas do recinto finalmente foram abertas. Fadinha seguiu por ele, tranquila, dando início a seu novo caminho mata adentro, livre e selvagem.\

FOTO

Durante dois anos, ela será monitorada pela equipe do Instituto Tamanduá, garantindo sua segurança e bem-estar enquanto explora o ambiente e curte sua liberdade e uma vida próspera na natureza.

Por que Fadinha? 

O nome carinhoso foi dado à pequena tamanduá-bandeira a partir de votação na internet proposta pelo instituto. Era época das Olimpíadas em Tóquio, no Japão, e a skatista Rayssa Leal, conhecida como Fadinha, “fez bonito”, se tornando a medalhista mais jovem em 85 anos de competição. 

Certamente por isso, seu nome recebeu tantas indicações e venceu a “competição”, batizando a filhote. Combina com ela. 

Preservação 

“Toda reintrodução bem-sucedida serve como um farol de esperança para outros animais silvestres afetados por incêndios e outras adversidades”, nos lembra a ONG Proteção Mundial Animal

E Flávia finaliza: “Tamanduás existem há 65 milhões de anos e são exclusivos da América Latina e são tão importantes como a onça, a anta, os jacarés e todos os outros animas. Precisamos preservar a nossa fauna”.
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Foto (destaque): Instituto Tamanduá (Que emoção! Fadinha a caminho de sua nova vida livre)

Com informações do Instituto Tamanduá, da Proteção Animal Mundial e do Campo Grande News

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