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Sonia Guajajara recebe prêmio internacional concedido pela Fundação Roosevelt

Quase uma semana depois que a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) anunciou que Sonia Guajajara foi aprovada pelo seu Conselho Universitário para receber o título ‘Doutor Honoris Causa’, hoje, 11 de abril, a Ministra dos Povos Indígenas recebeu o prêmio Four Freedoms Awards 2024 em cerimônia na Abadia de Middelburg, na cidade de Middelburg, província de Zelândia, na Holanda (nos anos ímpares o prêmio é entregue em Nova York). 

Desde 1982 o prêmio é concedido pela Roosevelt Foundation (Fundação Franklin Delano Roosevelt) a indivíduos e organizações que, com suas atividades, celebram a liberdade de expressão e religiosa (de culto), e a libertação do medo e das necessidades (básicas ou carências), que recebem a medalha de prata.

“Sonia Guajajara é a primeira Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, após uma vida inteira de ativismo indígena. Em seu novo cargo, continua sua luta pelo reconhecimento e proteção das terras indígenas”, declarou a instituição ao divulgar os escolhidos. 

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“Devido ao desmatamento, expropriação ou despejo de povos indígenas, o habitat dos povos indígenas está diminuindo, inclusive na Amazônia. As alterações climáticas também ameaçam esses ambientes: as florestas são cruciais para o armazenamento de CO2. É por isso que Guajajara também luta contra as alterações climáticas. Desta forma, a política ambiental anda de mãos dadas com a luta pelos direitos dos povos indígenas”, justificou.

Assim, Sonia recebeu o prêmio de Liberdade de Necessidade por dedicar sua vida ao ativismo indígena e, à frente do Ministério dos Povos Indígenas (criado pelo governo Lula, em 2023), “por seguir lutando pelo reconhecimento e pela proteção das Terras Indígenas, bem como pelo fim do desmatamento e da expropriação de povos indígenas de seus locais de origem”.

Ela é celebrada pela Fundação Roosevelt também por ter sido a primeira mulher indígena a concorrer como vice-presidenta nas eleições nacionais de 2018 (na chapa com Guilherme Boulos, atual deputado federal e candidato à prefeitura de São Paulo) e pelo esforço em convergir política ambiental e mudança climática com os direitos dos povos indígenas

Além de Sonia, o único brasileiro homenageado por esse prêmio é o presidente Lula, que recebeu a medalha de ouro em 2012. Entre outros laureados estão personalidades como Nelson Mandela, Kofi Annan, Malala Yousafzai e Angela Merkel.

Sonia Guajajara ao centro, na companhia dos outros laureados, de Melati Wijsen, que lhe entregou
a medalha, e também do Rei Guilherme Alexandre, da Rainha Máxima e da Princesa Beatriz
Foto: divulgação

“Guerreira, protetora e exemplo”

Durante a cerimônia, ao apresentar Sonia, a ativista e ‘change maker’ indonésia/holandesa Melati Wijsen a chamou de “guerreira, protetora e um incrível exemplo para tantas pessoas ao redor do mundo. Se outros líderes fossem como Sonia, eu acredito que veríamos verdadeiras mudanças acontecerem agora”. 

O momento em que Melati Wijsen coloca a medalha em Sonia Guajajara
Foto: divulgação

Em seu pronunciamento, muito orgulhosa, Sonia contou que, “no Brasil, apenas o presidente Lula foi laureado” com o Four Freedoms e que esse orgulho se devia também ao fato de ter passado por tantas dificuldade e sentido “tantas dores tive com as derrotas e perdas de amigos queridos por estar nesta jornada”. E acrescentou: “É motivo de mais orgulho ainda receber este prêmio enquanto primeira Ministra dos Povos Indígenas no Brasil”. 

“Tanto o prêmio quanto o cargo que hoje ocupo dizem respeito à minha trajetória no movimento indígena, pelos direitos do povo à vida, à cultura e ao seu território tradicional. Mas, justamente por se tratar da minha trajetória no movimento indígena, acredito que este também é um prêmio do movimento”, finalizou.

Os outros premiados, que receberam a medalha de prata, são:
– o coletivo de pesquisa Bellingcat, que investiga conflitos internacionais e desenvolveu uma abordagem diferenciada para chegar mais perto, de forma mais rápida e precisa da verdade, e ganhou o prêmio Liberdade de Expressão
– Zumretay Arkin, que luta pelos direitos dos uigures – povo de origem turcomena, que habita principalmente a Ásia Central -, que ficou com Liberdade de Culto; e 
– Grace Forrest, fundadora da Walk Free, organização de direitos humanos que luta pela erradicação da escravatura moderna, com Liberdade do Medo. 

Além deles, a organização ucraniana Save Ukraine, que luta para salvar crianças vítimas da guerra contra a Rússia, recebeu o Prêmio Internacional das Quatro Liberdades (ouro).

Medalhas para os vencedores das quatro categorias do Four Freedoms (prata)
e para os premiados especiais (ouro)
Foto: divulgação

Agenda movimentada neste Abril Indígena 

De acordo com o site do governo federal, até 16 de abril, mês icônico para o movimento indígena, a ministra Sonia Guajajara cumpre a segunda missão internacional do ano em quatro países: Estados Unidos, Reino Unidos, Holanda e Bélgica.

“A ministra comparece a eventos em duas das universidades mais prestigiadas do mundo, Harvard ((Massachussetts, EUA) e Oxford (Reino Unido); recebe o prêmio das Quatro Liberdades, da Fundação Franklin Delano Roosevelt, na Holanda; se encontra com representantes da União Europeia para Direitos Humanos e Meio Ambiente, na Bélgica, e encerra a agenda com um pronunciamento no Fórum Permanente de Questões Indígenas da ONU, em Nova York”.

Seu objetivo ao participar desses encontros é defender o protagonismo indígena emquestões socioambientais, em especial a integração da pauta ambiental com a indígena para promover a agenda da Justiça Climática.

Além disso, a mensagem institucional levada por Sonia – “consoante com a visão do governo Lula de União e Reconstrução” -, reforça o conceito de inserção dos povos indígenas no centro do processo de enfrentamento das mudanças climáticas e da preservação da biodiversidade

Para ela, é urgente avançar na Justiça Climática ou Transição Justa, com ações de mitigação e adaptação à mudança do clima que devem convergir com a redução das desigualdades sociais estruturais e históricas.

“Combater a fome e enfrentar as mudanças climáticas são prioridades do presidente Lula que estão no topo da agenda internacional. Os povos indígenas precisam de reconhecimento neste processo pelo seu modo de vida ligado à promoção da vida e à proteção da biodiversidade. Para tanto, precisamos de apoio internacional. No mês da luta dos povos indígenas no Brasil, reforçamos esta mensagem para o mundo, ao passo que nos comprometemos em promover a maior e melhor participação indígena nas COPs, em Belém, em 2025”, declarou a ministra.

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Fonte: Roosevelt Foundation e Agência Brasil

Foto (destaque): Roosevelt Foundation/divulgação

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