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Rõnõré Gavião, de 105 anos, foi primeira indígena vacinada no Pará e recebeu a dose de sua neta enfermeira

A imunização contra a covid-19 no Pará começou ontem, 19/1, com as enfermeiras do Hospital de Campanha, em Belém. Em seguida, foi a vez dos idosos de um asilo estadual de Santarém, no Baixo-Amazonas e, depois, do povo indígena Gavião, na aldeia Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do estado.

Lá, a primeira indígena a receber a primeira dose da Coronavac foi Rõnõré Gavião, de 105 anos. Quem aplicou a vacina foi sua neta Haká-kwyi ou Puruprama Gavião, enfermeira da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Em sua língua nativa, a idosa disse: “Agradeço pela vacina que trouxe esperança para nós”.

O Pará recebeu 173.140 doses da CoronaVac para vacinação prioritária, sendo 48.680 doses apenas para os grupos indígenas do estado.

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Até ontem, 90 pessoas de três aldeias da etnia Gavião foram imunizados na reserva Mãe Maria: Gavião Akrãtikatêjê (da Montanha), Gavião Kykatejê e Gavião Parkatêjê.

Foto: Bruno Cecim/Secom/Fotos Públicas

Autorizado pela Funai, o governador Helder Barbalho acompanhou o início da imunização.

“Nós devemos ter solidariedade com aqueles que perderam entes queridos na pandemia, e nos perdemos 61 indígenas, mesmo com todos os esforços. Mas agora, com a vacina, renova-se a esperança da proteção à vida de cada comunidade indígena do nosso Estado. Serão vacinados mais de 23 mil índios e isso significa respeito e cuidado com as pessoas”, declarou à reportagem do UOL.

Resultado de muita luta

A inclusão dos povos indígenas no grupo prioritário da vacinação está sendo possível graças às mobilizações das organizações que os representam, como a Articulação dos Povos Indígenas, APIB. Em julho de 2020, a APIB lançou o plano de ação Emergência Indígena para impedir o avanço da Covid-19 e pressionar o governo, como contamos aqui.

Como parte das ações desse plano, em 29 de junho, a APIB acionou o STF – Supremo Tribunal Federal contra o governo por meio de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 709), junto com seis partidos: PSOL, PT, PC do B, Rede, PSB e PDT.

Em 7 de julho, Bolsonaro sancionou o PL 1422/2020 com 16 vetos que a enfraqueciam quase que completamente. O projeto de lei estabelece medidas preventivas contra o coronavírus em povos indígenas, quilombolas e outros comunidades tradicionais durante a pandemia.

Rapidamente, a APIB e outras organizações como o Instituto Socioambiental começaram a se articular, mas, no mesmo dia, o STF divulgou decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que concedeu liminar (por decisão individual) em resposta à ADPF 709: a decisão do ministro Barroso sobre ações urgentes de proteção reivindicadas pelos indígenas na pandemia foi acatada por unanimidade.

Até agora, 46.190 indígenas de 161 povos foram contaminados e 927 morreram.

Alguns dos primeiros indígenas vacinados

Ontem, pelas redes sociais, se espalharam rapidamente os registros de indígenas que receberam a primeira dose da vacina contra Covid-19. Muito simbólico e também importante para a divulgação entre os próprios indígenas, já que muitos são os “parentes” que se recusam a aderir à campanha.

Foto: Divulgação/Governo SP

Vanuzia Costa Santos, da etnia Kaimbé, a primeira indigena vacinada em São Paulo, como mostramos aqui, falou sobre isso:

“Quero dizer para os meus parentes: ‘vamos nos vacinar!’. Vacinar é um ato de amor, de esperança. Eu sou um exemplo. Sou indígena, uma mulher de fé, sou uma pessoa que preserva os ensinamentos do meu povo, a minha ciência, a minha ancestralidade, minha crença. Mas sei que só a minha crença e a minha ancestralidade não são suficientes para combater este vírus, que é um inimigo feroz que destrói vidas em questão de minutos ou segundos”.

Assim que recebeu a primeira dose, Sonia Guajajara, coordenadora executiva da APIB, declarou: “Me sinto emocionada por ser a primeira mulher da região tocantina a ser vacinada com a Coronavac em Imperatriz, Maranhão. Agradeço pela honra concedida através da Unidade Gestora Regional de Saúde e Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão”.

Usando a máscara criada pela artista Néle Azevedo para a campanha de 5 anos do ‘Acordo de Paris’, em dezembro de 2020 (que mostramos aqui), ela acrescentou:

“Dedico esta vacina a todos que perderam entes queridos para o coronavírus. Para esta fase, temos duas grandes batalhas: garantir o acesso à vacina para todos os indígenas, independente da localização geográfica, e que o governo disponibilize quantidades de vacina suficiente para toda a população. Não tenham medo! Somente a vacina permitirá que nos abracemos e juntos possamos vencer mais este mal”.

Sonia não foi a primeira indígena do Maranhão a receber a vacina. Esse registro histórico ficou com Fabiana Guajajara, da Terra Indígena Araribóia (a mesma de Sonia), que foi um dos territórios mais afetados pela pandemia da Covid-19 e pelo aumento das violências contra os povos indígenas e ao ambiente”. 

Em Manaus, a vacinação começou em 18 de janeiro, segunda, e a primeira pessoa imunizada, com a dose da Coronavac, a auxiliar de enfermagem Vanda Ortega Witoto, de 33 anos, como publicamos aqui.

Iolanda Pereira da Silva, do povo Macuxi, de Rondônia, tem 45 anos, é pajé e parteira e vive na comunidade Uiramutã, na região das Serras, em Raposa Serra do Sol:

Outra indígena idosa a tomar a vacina no primeiro dia oficial da vacinação contra covid-19 no Brasil foi Domingas da Silva, do povo Terena, de 92 anos. A primeira de Mato Grosso do Sul.

Dourado Tapeba, o primeiro indígena a tomar a dose da Coronavc no Ceará, é assessor de controle social e gestão do Distrito Especial Sanitário (Dsei) no estado, e trabalha pela melhoria da saúde indígena:

Em Pernambuco, a primeira indígena a tomar a vacina foi a enfermeira Penha Atikum:

Também em Pernambuco, Victor Hugo Nóbrega da Silva foi o primeiro indígena Xukurú do Orubá a ser vacinado. E o cacique Marquinhos – eleito prefeito de Pesqueira, em dezembro de 2020, que ainda não pode assumir oficialmente porque a justiça ainda analisa acusação da ex-prefeita -, recebeu a primeira dose ontem também (abaixo).

A enfermeira Deysianne Tuxá foi a primeira indígena vacinada na Bahia:

Elivar Karitiana, do povo Karitiana, foi o primeiro a ser vacinado em Rondônia. Ele é vice-presidente do Conselho de Saúde Indígena (Condisi):

Foto (destaque): Bruno Cecim/Secom/Fotos Públicas

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JOSE MAURICIO DE AGOSTINI LIUZZI
JOSE MAURICIO DE AGOSTINI LIUZZI
1 ano atrás

Muito Bom VAMOS SALVAR NOSSOS ÍNDIOS.

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