Desde ontem (07/08) alunos das escolas municipais do Rio de Janeiro estão proibidos de usar o celular dentro da sala de aula. O aparelho deve ficar dentro da mochila. A medida foi estabelecida através de um decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes e vai de encontro a uma recomendação feita pela Agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
O Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023, lançado recentemente pela entidade, alerta que a utilização dos aparelhos celulares pode prejudicar a aprendizagem e a concentração. Segundo a análise da Unesco, a tecnologia digital deve ser utilizada como uma ferramenta e não para substituir a interação humana.
De acordo com o decreto que entrou em vigor no Rio, os celulares só terão o uso permitido para fins pedagógicos, quando o professor determinar. Caso contrário, os aparelhos deverão permanecer no modo silencioso e guardados nas mochilas e bolsas dos estudantes.
“O uso dos celulares atrapalha a concentração e prejudica diretamente a aprendizagem. É como se o aluno saísse de sala toda vez que vê uma notificação. Não tem como prestar atenção e aprender de forma plena assim. Além disso, a escola é lugar de socialização, e ficar no celular atrapalha a convivência social, deixa a criança isolada em sua própria tela”, ressalta Renan Ferreirinha, secretário de Educação do Rio de Janeiro.
A única exceção para o emprego do celular será para alunos com deficiência ou com problemas de saúde, que “necessitam destes dispositivos para monitoramento ou auxílio de suas necessidades”.
A decisão da prefeitura do Rio acontece num momento de reavaliação sobre o o uso de tecnologias nas escolas. Na década de 90, por exemplo, a Suécia implementou um modelo 100% digital na educação, mas agora voltou atrás e está investindo 45 milhões de euros na distribuição de livros didáticos impressos.
Enquanto isso, o estado de São Paulo foi alvo de muitas críticas ao anunciar que acabaria com os livros físicos e tornaria a educação digital com o uso de tabletes para alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. Dias depois, o governador Tarcísio de Freitas disse que apostilas continuariam a ser impressas e distribuídas, caso estudantes solicitem.
Um levantamento feito pela Agência Nacional Sueca para a Educação, baseado em vários estudos científicos, apontou que o uso do livro físico é muito mais benéfico para se aprender. A simples cópia de páginas da obra não se equipara à sua utilização completa, quando por exemplo, é importante aprender a localizar uma informação enquanto se folheia páginas.
*Com informações da assessoria de imprensa da Prefeitura do Rio de Janeiro
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Foto de abertura: Marjan Grabowski on Unsplash