Na semana passada, em 25 de julho, a brasileira Rebeca Andrade se classificou para as três provas finais de ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Quatro dias, depois, conquistou a terceira maior nota na prova individual geral (como contamos aqui) e deixou o país inteiro eufórico com sua medalha de prata, e tornou-se a primeira brasileira a conquistar uma medalha nessa modalidade.
A ex-ginasta Daiane dos Santos – inspiração para Rebeca, desde menina, e que este ano foi às Olimpíadas a convite de uma grande emissora para ser comentarista – declarou:
“Agora a gente tem a primeira medalha do Brasil na ginástica artística com uma negra. Até pouco tempo, os negros não podiam competir em alguns esportes. Tem uma representatividade muito grande nisso! É uma menina negra, que veio de origem humilde, criada por uma mãe solo. Chegar até aqui depois de três rompimentos do ligamento cruzado, e ser a segunda melhor atleta do mundo…. Essa prata vale ouro pra gente!”.
Mas Rebeca ainda tinha pela frente mais duas chances de encantar o mundo disputando o ouro no salto e no solo. E, hoje, 1/8, não decepcionou: conquistou a nota máxima – 15,083 pontos – e a medalha de ouro no salto.
Melhor desempenho individual do Brasil
Foram dois saltos. Rebeca parecia muito tranquila. No primeiro salto, segundo os especialistas, “fez uma boa execução”, mas a queda não foi firme, e ela recebeu 15.166 pontos. Na descida do segundo salto, deu dois passos para o lado e obteve 15 mil pontos. Mas a nota média garantiu a liderança da brasileira.
“Estou muito feliz. Trabalhei bastante todo esse tempo. Eu não sei nem o que dizer. Não foram meus melhores saltos. Tanto que eu saí falando assim: “Aí, não foi muito bom”. Só que isso é ginástica, né? Isso acontece. Isso é do esporte. Mas tirei nota o suficiente para tirar o primeiro lugar. Caraca! Eu estou muito feliz!”, declarou.
Na coletiva de imprensa, falou de racismo: “Eu sou preta e vou representar todo mundo. Preto, branco, pardo, todas as cores, verde, azul e amarelo. No esporte não tem que ter isso, você tem que representar todo mundo. As pessoas se espelham em você, querem ser parecidas com você. Você faz o melhor para si e para os outros. Eu acredito que tenha feito isso hoje trazendo minha música (se referindo ao funk Baile da Favela) para cá e fazendo tudo que fiz”.
Agora, Rebeca é a ginasta com melhor desempenho individual do Brasil – a primeira brasileira a receber duas medalhas numa mesma edição da competição olímpica, com um ouro e uma prata – batendo o recorde de mais de 100 anos nas Olimpíadas.
Em seu perfil no Instagram, ela celebrou com o treinador Francisco Porath Neto, que publicou uma foto para revelar sua felicidade pelo feito: “Esta medalha é feita a muitas mãos. Impossível nomear que, de alguma forma, contribuíram para este esporte tão lindo. Muito agradecido hoje por chegarmos a esse resultado”.
Esta é sexta medalha olímpica da história do Brasil na modalidade ginástica artística. Duas de Rebeca e as outras quatro conquistadas por homens, em outros anos: nas argolas, Arthur Zanetti, ganhou medalha de ouro em Londres, em 2011, e de prata na Rio-2016; Diego Hipólito e Arthur Nory conquistaram prata e bronze, respectivamente, nas Olimpíadas do Rio.
Amanhã, Rebeca vai disputar mais uma medalha: na prova de solo. A torcida continua!
Veja a celebração de Rebeca pelo feito de hoje, com o treinador, Francisco Porath Neto:
Fotos: Miriam Jeske/COB