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Quando chega o crepúsculo, sapos usam a biofluorescência para se comunicar

Quando chega o crepúsculo, sapos usam a biofluorescência para se comunicar

São muitos os animais na natureza que usam a biofluorescência, ou seja, a capacidade de se tornar fluorescentes. Mas os primeiros relatos da presença desse mecanismo entre sapos ocorreu há apenas alguns anos. Em 2017, pesquisadores divulgaram a descoberta de uma espécie arborícola da América do Sul, a Hypsiboas punctatus, que durante o crepúsculo, após a meia-noite até o amanhecer, hora do dia em que muitos desses anfíbios estão mais ativos, brilhava no escuro.

Cinco anos depois, já se sabe que são mais de 150 espécies de sapos da região que reproduzem esse mesmo comportamento na escuridão. Com um número bem maior de animais estudados, cientistas afirmam agora com certeza de que a biofluorescência é utilizada como ferramenta de comunicação entre eles.

“Por meio de uma pesquisa de campo na América do Sul, descobrimos e documentamos padrões de biofluorescência em anfíbios tropicais. Mais que triplicamos o número de espécies testadas para essa característica e adicionamos representantes de famílias de anuros não testadas anteriormente”, revela uma equipe liderada pela bióloga Courtney Whitcher, da Universidade Estadual da Flórida, em um novo estudo. “Com evidências de sintonia com a ecologia e os sistemas sensoriais dos sapos, nossos resultados sugerem que a biofluorescência dos sapos provavelmente está funcionando na comunicação dos anuros”.

Os cientistas explicam que a biofluorescência é um fenômeno em que os organismos absorvem luz em uma determinada faixa de comprimento de onda e a emitem em outra faixa, geralmente em cores brilhantes e vibrantes. Ao contrário da bioluminescência, a primeira requer uma fonte externa de luz, geralmente ultravioleta, para que os organismos emitam essa luz visível. 

Courtney, uma especialista nessa área, analisou a biofluorescência em 528 sapos tropicais. Ao iluminá-los, todos eles brilharam de volta, todavia, dependendo do tipo de onda de luz, a força era maior ou menor. Ela percebeu que de todos os comprimentos de onda aos quais os anfíbios eram expostos, a luz azul -mais próxima do crepúsculo natural da Terra – produziu a fluorescência mais forte.

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Ainda segundo o estudo, as partes do corpo que ficam mais fluorescentes, geralmente em verde néon, são a garganta e as costas, importantes para a comunicação.

“Ciência e descobertas são ótimas, mas mais úteis quando você compartilha essas informações com outras pessoas. Os humanos desejam aprender inatamente, e ver um organismo brilhar diante de seus próprios olhos é uma ótima maneira de despertar essa curiosidade”, disse Courteny em entrevista à reportagem da revista Spectrum, da Universidade da Flórida em março. “A biofluorescência integra biologia, química e física de maneira divertida e prática. É um excelente caminho para fazer com que as pessoas se interessem simultaneamente por três tópicos cruciais da ciência, compreendendo a excitação dos átomos e os processos biológicos que fazem com que os sapos brilhem”.

*Com informações do site Science Alert

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Foto de abertura: Lamb & Davis, Sci. Rep., 2023 (sapo com chifres de Cranwell (Ceratophrys cranwelli), um sapo biofluorescente identificado em um artigo de 2020)

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