Na semana em que Porto Rico foi citado de maneira ofensiva e racista por um comediante durante um comício, em Nova York, da campanha do candidato à reeleição nos Estados Unidos, Donald Trump, o país mostra o comprometimento de seu povo com a preservação ambiental. Acaba de ser anunciada a criação da área de proteção marinha Jardines Submarinos de Vega Baja y Manatí, com mais de 200 km2.
Durante mais de uma década diversas organizações não-governamentais e comunidades da região norte de Porto Rico lutaram para conseguir a aprovação da nova área de conservação, que irá proteger importantes ecossistemas, incluindo recifes de corais e manguezais, que abrigam mais de 14 espécies de animais, algumas ameaçadas de extinção, como o peixe-boi do Caribe (Trichechus manatus).
“Esta é uma vitória para o povo”, disse Ricardo Laureano, líder da coalizão Vegabajeños Impulsando Desarrollo Ambiental Sustentable (VIDAS). “Esses ecossistemas nos nutrem e sustentam nossa qualidade de vida. Foram necessários 16 anos de muito trabalho, começando em 2007, para chegar até aqui. Ao longo dos anos, reunimos vizinhos, batemos de porta em porta e envolvemos líderes locais e nacionais para destacar a necessidade crítica de proteger esta reserva.”
As comunidades da região acreditam que a criação dos Jardines Submarinos de Vega Baja y Manatí irá impulsionar o ecoturismo e permitir que as águas da costa continuem sendo uma fonte de alimento e renda para famílias locais.
O próximo passo será o desenvolvimento de um plano de cogestão para a reserva.
“Nosso sonho é que Jardines seja co-administrado pelas pessoas que o conhecem melhor, as comunidades locais”, afirma Mariela Declet-Perez, líder da Descendants United for Nature, Adaptation, and Sustainability (DUNAS). “Nosso objetivo é criar acordos de co-administração que equilibrem o uso sustentável de recursos, conservação, pesquisa e ecoturismo. Isso levará tempo, mas estamos comprometidos em apoiar o VIDAS e nossos parceiros locais para garantir o sucesso a longo prazo.”
O anúncio sobre a nova área protegida foi feito na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a COP26, em Cali, na Colômbia.
No domingo, 27/10, o comediante Tony Hinchcliffe, convidado para se apresentar no comício de Trump, no Madison Square Garden, falou que “há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano, eu acho que se chama Porto Rico”.
O comentário racista foi duramente criticado e provocou revolta e consternação entre muitos americanos, e sobretudo, pela comunidade latina que mora no país. Porto Rico é uma ilha localizada no Caribe e um território pertencente aos Estados Unidos há mais de 120 anos, considerado “estado livre associado”.
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Wildlife Conservation Society
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Foto de abertura: Lorenzo Mittiga/Ocean Image Bank