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Pesquisa inédita aponta que há plástico em todas as praias brasileiras e 61% dele é de uso único

Pesquisa inédita aponta que há plástico em todas as praias brasileiras e 60% dele é de uso único

Foram 16 meses de expedição, que percorreu mais de 7 mil km da costa brasileira e esteve em 306 praias, do sul ao norte do país. Nesse levantamento inédito realizado pela Sea Shepherd Brasil, em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), foi constatado o que muitos de nós já suspeitávamos: o lixo plástico está presente em todas as nossas praias.

Segundo a pesquisa – “Raio-X dos Resíduos na Costa Brasileira” -, do total de resíduos coletados, 91% são plásticos e 61% de uso único, ou seja, aqueles que costumamos chamar de descartáveis, como canudos, copos ou embalagens, usados por alguns minutos e depois simplesmente jogados no lixo, ou ainda pior, descartados no meio ambiente.

Todavia, uma das descobertas que mais chamou a atenção dos envolvidos no estudo foi que as áreas mais impactadas por esses resíduos são praias mais isoladas e protegidas, como reservas de proteção integral – no ano passado, a Sea Shepherd denunciou a situação chocante encontrada nos Lençóis Maranhenses, declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco no final de julho.

Pesquisa inédita aponta que há plástico em todas as praias brasileiras e 60% dele é de uso único
Pesquisadores diante de uma quantidade alarmante de resíduos
Foto: Sea Shepherd Brasil

“O plástico está onipresente em nossas vidas. Vemos notícias correndo mundo afora, e aos poucos estamos aprendendo sobre as consequências de seguirmos com a torneira aberta do plástico na maneira que produzimos, consumimos e descartamos nossos recursos. Este projeto é um urgente chamado para entendermos de fato a situação do plástico de maneira aprofundada e abrangente do Chuí ao Oiapoque”, alerta Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil.

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Praias mais poluídas do Brasil

Durante a expedição, foram analisados três tipos diferentes de lixos plásticos: macrorresíduos (resíduos maiores), macroplásticos (pedaços grandes de plástico) e microplásticos (resíduos de proporções bem menores). Todos eles impactam o meio ambiente, mas em geral, os últimos são confundidos com alimentos por animais e se transformam em uma das principais causas de mortalidade entre diversas espécies, como tartarugas marinhas e baleias.

Em um triste ranking elaborado pela Sea Shepherd, a praia de Pântano do Sul, em Florianópolis (SC), aparece como a mais poluída do Brasil, concentrando a maior densidade de microplásticos, macrorresíduos e macroplásticos por m2.

Já nas praias de São Vicente, no litoral paulista, foram encontrados dez resíduos por m2. Em Mongaguá, o cenário é ainda mais alarmante, com a presença de 83 fragmentos de microplástico por m2.

Outro estado que enfrenta um grave problema diante da contaminação plástica é o Rio Grande do Norte, onde três de suas cidades aparecem entre as cinco mais poluídas do país com macrorresíduos. São elas Extremoz, Baía Formosa e Natal.

“Pretendemos que os resultados do projeto não somente choquem, mas provoquem a ação, trazendo à tona a necessidade de políticas públicas e de uma mudança na cultura de consumo de plástico no Brasil”, ressalta Nathalie Gil.

Pesquisa inédita aponta que há plástico em todas as praias brasileiras e 60% dele é de uso único
Gráficos mostram as praias mais poluídas do litoral brasileiro
Fonte: Sea Shepherd Brasil

Raio-x do plástico nas praias do país

  • 91% dos resíduos são plásticos: 61% de uso único, 22% de vida longa e 17% apetrechos de pesca;
  • 97% das praias têm microplásticos;
  • Foram coletados 16 mil fragmentos de microplástico e 72 mil macrorresíduos;
  • 1 em cada 12 itens são filtros de cigarro

Pesquisa inédita aponta que há plástico em todas as praias brasileiras e 60% dele é de uso único
Em comparação aos demais resíduos, o microplástico é o mais comumente encontrado
Fonte: Sea Shepherd Brasil

Brasil entre dez países que mais produzem plástico no mundo

Um estudo publicado no começo de setembro por pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, revelou que mais de dois terços da poluição plástica do planeta vem de lixo não coletado, com quase 1,2 bilhão de pessoas — 15% da população global — vivendo sem acesso a serviços de coleta de resíduos.

O levantamento, que analisou o descarte de plástico em 50 mil cidades do mundo, aponta que houve um aumento da produção desse material nos países em desenvolvimento, agora considerados “hotspots da poluição plástica”. Acontece que, a geração desses resíduos cresce, mas nessas nações ainda não existe um sistema eficiente de coleta ou reciclagem.

Na lista dos dez países responsáveis por gerarem o maior volume desse tipo de lixo, a Índia aparece em primeiro lugar, com 9,3 milhões de toneladas por ano, seguida da Nigéria, 3,5 milhões de toneladas e Indonésia, 3,4 milhões de toneladas. O Brasil figura na 8a colocação, com 1,4 milhão de toneladas produzidas anualmente.

Todavia, há um projeto em debate no Senado para banir produtos plásticos de uso único, que defende a criação de um marco regulatório para o setor, com foco principal na proibição da fabricação, importação, distribuição, uso e comercialização de produtos plásticos descartáveis feitos em material não compostável, como canudos, talheres, pratos, misturadores de bebidas, copos, tampas, embalagens e sacolas.

E você pode pressionar o Congresso a acelerar a votação desse projeto tão importante! Participe da consulta pública sobre o tema neste link.

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Foto de abertura: Sea Shepherd Brasil

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