A Floresta Estadual (Flota) do Paru é uma unidade de conservação (UC) localizada a oeste do Pará, com 3.612.914 milhões de hectares, criada em dezembro de 2006 pelo governo do Pará (por meio do Decreto 2.608), que abriga árvores gigantes com mais de 70 metros de altura.
É nessa floresta (na divisa entre o Pará e o Amapá) que está a maior árvore da América Latina e a quarta maior do mundo: um angelim vermelho (Dinizia excelsa), com 88,5 metros de altura (o equivalente a duas vezes e meia o tamanho do Cristo Redentor ou um edifício de 30 andares!) e 9,9 metros de circunferência. Sua idade é estimada entre 400 e 600 anos.
Ela foi identificada por imagens de satélite em 2019, mas somente depois de cinco expedições cientificas, um grupo de pesquisadores do Pará e do Amapá – que integra o Projeto Árvores Gigantes da Amazônia –, se deparou com ela, em setembro de 2022, como contamos aqui.
Muito próxima a esta árvore majestosa estão outras gigantes com quase 80 metros de altura, que formam um santuário de biodiversidade, como ficou conhecida a região após diversas expedições científicas. Mas esse patrimônio natural está em perigo devido ao desmatamento e ao garimpo.
Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), em maio deste ano, a Floresta Estadual do Paru foi a 9ªunidade de conservação (UC) mais desmatada da Amazônia Legal (região que corresponde a 59% do território brasileiro e engloba a área de 9 estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.).
Levando em conta o período de janeiro a maio de 2024, no ranking do desmatamento o Pará ficou em 3º lugar. Mais: a quantidade de garimpeiros de 2019 a 2023 aumentou 218%: de 628 invasores, hoje circulam mais de 2 mil por essa área “protegida”.
Por tudo isso, durante a última edição do movimento Um Dia no Parque – maior mobilização que promove as áreas protegidas do país -, que aconteceu no domingo (21), 20 organizações deram novo impulso à campanha Proteja as Árvores Gigantes, lançada em 2022 (como contamos aqui) e se mobilizaram para pressionar o governo do Pará pela criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes, na Floresta Estadual do Paru.
A campanha
O objetivo da campanha é pressionar Helder Barbalho, governador do estado do Pará, agora para criar o parque e garantir a proteção do angelim-vermelho e de todo o ecossistema ao seu redor.
O número de instituições que apoiaram a primeira mobilização aumentou. Eram oito em 2022: Rede Pró-UC (Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação), Imazon, Instituto O Mundo que Queremos, FAS (Fundação Amazônia Sustentável), FSC® – Forest Stewardship Council® (Conselho de Manejo Florestal, em português), Amazônia 2030, Projeto Saúde e Alegria e Seja Legal com a Amazônia.
Em 2024, o movimento ganhou o apoio de mais 15 instituições: Amigos do Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal, Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), Caiman Pantanal, Engajamundo, , Fundação Ecológica Cristalino (FEC), GreenBond, Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), Instituto Neo Mondo, Justice and Conservation Observatory (OJC), Onçafari, Operação Primatas, World Heritage Watch e Canal Zoomundo.
“A criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes é uma ação fundamental e necessária para proteger uma das áreas mais valiosas da Amazônia. Com a implementação de medidas adequadas, elaboração de plano de manejo, desenvolvimento de programas de turismo e atuação rigorosa do poder público contra os crimes ambientais na região, será possível garantir a preservação do angelim-vermelho, de outras árvores gigantes e do futuro da biodiversidade da Amazônia”, explica Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, organização que coordena a campanha.
Por que transformar parte da floresta em parque?
São 12 as categorias de proteção definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação do Brasil (Sinuc), divididas em dois grupos: Uso Sustentável e Proteção Integral.
O grupo das Unidades de Conservação de Uso Sustentável permite o uso de recursos naturais e a retirada de madeira sob regras de manejo e contempla 7 categorias: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. A Floresta Estadual do Paru está neste grupo.
Já o de Unidades de Conservação de Proteção Integral, permite o uso indireto dos recursos, sendo o turismo de natureza uma das principais atividades econômicas, e contempla 5 categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Refúgio de Vida Silvestre e Monumento Natural.
“Elevar parte da Floresta Estadual do Paru à categoria de parque dará maior proteção à região e ao angelim-vermelho, além de benefícios econômicos para as comunidades locais”, explica Angela Kuczach (ao lado), diretora executiva da Rede Pró UC e idealizadora do movimento Um Dia No Parque.
Para a ambientalista, o apoio à criação do Parque Estadual das Árvores Gigantes durante o Um Dia No Parque 2024 demonstra o “posicionamento claro em defesa da conservação da biodiversidade, tendo o turismo como um mecanismo forte de desenvolvimento econômico e social, que dá oportunidade a todos”.
A partir da implementação do parque, visitantes poderão conhecer as árvores gigantes – patrimônio natural – e passam a se orgulhar deste “tesouro natural”. Além disso, são gerados empregos (que geram renda) para as comunidades locais.
Promessas do governador
Vale lembrar que, em setembro de 2023, durante o Global Citizen Festival em Nova York, Helder Barbalho, governador do Pará, perante um público de 60 mil pessoas, assumiu o compromisso de ampliar as áreas protegidas do Estado em um milhão de hectares, intensificando a proteção de terras indígenas, territórios quilombolas e reservas extrativistas, até a COP30.
Durante sua declaração, ele estava acompanhado por Puyr Tembé, secretária dos Povos Indígenas do Pará, e Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.
Entre as ações previstas nesse pacote ambiental estava incluída a transformação de parte da Flota do Paru em parque, elevando seu status de conservação.
No entanto, até hoje, não há sinal de que a proteção da floresta ou a alteração serão implementadas. Por isso, a nova fase da campanha é tão importante.
Como ajudar?
Marque o Governo do Pará (@governopara); o Governador do Pará, Helder Barbalho (@helderbarbalho) e o Secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O’ de Almeida (@mauroodealmeida) em todas as publicações do perfil Um Dia no Parque, Rede Pró-UC e organizações apoiadoras sobre o assunto.
Compartilhe notícias e o vídeo abaixo nas redes sociais com as hashtags #EuApoioaCriaçãodoParqueEstadualDasArvoresGigantes e #ProtejaAsÁrvoresGigantes.
A seguir, assista à Angela Kuczach, da Rede Pró-UC explicando a campanha e, em seguida, ao vídeo da campanha (publicado no YouTube do Imazon). Ajude a divulgá-los.
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por O Mundo Que Queremos (@omundoquequeremosoficial)
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Foto (destaque): Havita Rigamonti/Imazon-Ideflor
Com informações da Rede Pró-UC, Um Dia no Parque e G1