Em uma decisão unânime, uma comissão do Departamento de Parques e Recreação da Califórnia, nos Estados Unidos, votou pela mudança de nome do Parque Estadual Patrick’s Point para Sue-meg. A renomeação é uma vitória histórica para a etnia Yurok, povo que vivia no local originalmente antes dos “colonizadores” europeus chegarem à região e promoverem um massacre dos indígenas.
“Os povos indígenas em todo o mundo… estão assistindo ou ouvindo e olhando para a oportunidade que temos aqui hoje. Renomear Sue-meg de volta … isso está trazendo equilíbrio para nós, o povo Yurok”, afirmou Joseph L. James, chefe da tribo Yurok.
“Esta é a primeira mudança de nome do parque como parte da iniciativa ‘Reexaminando Nosso Passado’ do estado e é um passo importante para curar os relacionamentos com os nativos americanos e trabalhar juntos em reconhecimento e honra das relações culturais e linguísticas indígenas”, afirmou Armando Quintero, diretor do California States Park.
O nome Patrick’s Point foi dado em referência a Patrick Beegan, um irlandês que chegou à área de Eureka, no extremo norte do estado da Califórnia, na costa do Pacífico, onde construiu uma cabana por volta de 1850, mas acabou abandonando o lugar depois que foi acusado de ter matado um menino Yurok. Além disso, ele também está associado com outras mortes de indígenas.
Apesar disso, por mais de um século, o local ficou conhecido pelo nome de um assassino – que morou ali por apenas três anos.
Em 1990, começaram as esforços para reescrever essa história tão trágica. Primeiro a comunidade Yurok trabalhou com o departamento de parques da Califórnia para construir uma vila da etnia dentro do parque e a batizou de “Sumêg”, para homenagear o antigo nome associado ao lugar. Em janeiro de 2021, ocorreu a solicitação formal para a mudança do nome.
Agora, Sue-meg se torna o primeiro parque da costa oeste a representar a reparação tão tardia aos povos indígenas americanos.
“Reivindicar um nome é realmente o cerne disso. É restaurar um nome que foi indevidamente usado”, ressaltou Sara Barth, representante da comissão do Departamento de Parques e Recreação da Califórnia.
A iniciativa ‘Reexaminando Nosso Passado’ foi lançada pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, em 2019, quando ele se desculpou publicamente pelo “papel sistêmico do estado na tentativa de genocídio de comunidades nativas e nos esforços para aniquilar suas culturas”.
No final de setembro, também escrevi aqui sobre outra notícia parecida. O governo da Austrália restaurou o nome aborígene de uma de suas ilhas, que volta a se chamar K’Gari. A mudança foi anunciada pelo governo, que desde 1993, quando foi instituído o “Native Title Act”, começou a reconhecer o direito dos aborígenes como proprietários de suas terras originais.
*Com informações do North Coast Journal of Politics, People and Art
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Foto: Kirt Edblom/Creative Commons/Flickr
A reparação dos erros cometidos é indispensável porque apenas arrepender-se e pedir desculpas não corrige as injustiças.