O papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) é mais uma das belíssimas aves só encontrada no Brasil e em nenhum outro lugar do mundo. Endêmico da Mata Atlântica, ele pode ser observado em florestas do Espírito Santo, Sergipe, Rio de Janeiro, Minas Gerais e sul de Alagoas. Tem a plumagem do corpo esverdeada e sua principal característica é uma coroa vermelha na cabeça. Suas bochechas amarelas são envoltas por um azul que vai dos olhos até o pescoço. E sua íris é laranja-acastanhado.
Nos estados onde o papagaio-chauá é encontrado, ele recebe diferentes nomes populares: papagaio-de-cabeça-vermelha, cabeça-vermelha, jiru; calau, chuá, acamatanga, acumatanga, camatanga, camutanga, chauã, chuã, cumatanga e jauá.
Infelizmente, assim como outras espécies de psitacídeos brasileiros, o papagaio-chauá é vítima do tráfico ilegal de animais silvestres. Além disso, sofre com a perda de habitat e o desmatamento. O resultado é que ele consta na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Todavia, graças a projetos de conservação e reintrodução na vida selvagem, a população de chauás mostrou uma recuperação. Tanto que em 2017 ele passou de passou da classificação de “em perigo”, quando há grande chance de entrar em extinção na natureza, para “vulnerável”.
Partes desses esforços de proteção são feitos pelo Plano de Ação Estadual para Conservação do Papagaio-chauá, uma parceria entre diversas instituições estaduais e federais, incluindo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Numa das mais recentes ações do plano, sete papagaios-chauás foram levados para o estado de Alagoas. As aves foram resgatadas do tráfico e até então estavam sob os cuidados da Fundação Lymington, em São Paulo.
Após serem apreendidos, muitos animais estão debilitados e precisam de um longo processo de reabilitação. Alguns são filhotes ainda.
Os chauás que chegaram em Alagoas foram levados para a Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Mata da Sálvia, a segunda maior do estado, criada no começo deste ano, numa área de 620 hectares entre os municípios de Satuba e Rio Largo.
As aves passarão inicialmente por um período de quarentena e depois serão transferidas para um recinto maior, onde terão espaço para dar voos mais longos e exercitar a musculatura.
A expectativa é que no ano que vem, aqueles que demonstrarem boas condições, sejam soltos.
“O período de reabilitação, o manejo correto, a pouca proximidade com o ser humano, são medidas necessárias, já que muitos deles estão habituados à presença humana devido à interdependência, considerando a disponibilidade de alimentação e água”, explica Rafael Cordeiro, médico veterinário e consultor ambiental do Instituto do Meio Ambiente. “Além disso, há a questão do voo, pois muitos animais estavam em cativeiro e precisam de um recondicionamento muscular e reaprender a voar para terem um melhor condicionamento. Bem como, precisam aprender a identificar alimentos na natureza, o que é dificultado uma vez que muitos estavam em cativeiro”.
Em 2022, outros 60 papagaios-chauá já tinham chegado a Alagoas. Muitos deles já voam livremente no céu da reserva Mata da Sálvia.
Um dos papagaios-chauá que foram levados para Alagoas
Foto: Ascom IMA/AL
*Com informações e entrevista contida no texto de divulgação do site do Governo de Alagoas
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Foto de abertura: Sylvio Adalberto, CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons