Muita gente, quando quer ofender alguém, invoca seu nome: “Sua anta!”. Mas o que nem todo mundo sabe é que a anta é um dos animais mais inteligentes da natureza e ainda presta serviços essenciais para a conservação do meio ambiente.
Devido a esse equívoco e para contribuir com a preservação deste animal tão fantástico, os pesquisadores do INCAB (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira), programa do Instituto Ipê – liderados pela premiada Patrícia Médici, a maior especialista em antas no mundo -, têm procurado transmitir esse conhecimento por meio da divulgação do trabalho lindo que desenvolvem na Fazenda Baía das Pedras, no Pantanal da Nhecolândia, em Mato Grosso do Sul.
Entre as iniciativas de comunicação mais legais que eles desenvolveram está a campanha Anta é Elogio! (contamos aqui), que divulgamos anualmente no Dia da Anta, em 27 de abril.
Agora, inspirados pelo remake da novela Pantanal, recentemente o grupo resolveu lançar uma fotonovela (contei aqui, em abril) pra revelar particularidades de cada anta que habita a fazenda e de suas relações com os outros indivíduos da espécie. Material pra isso é o que não falta: fotos, vídeos, anotações de campo, relatos de suas observações.
E, assim, nasceu pANTAnal: uma saga antológica, “o mais novo sucesso da webdramaturgia”, que revela a ‘vida secreta’ das antas com muita informação científica e bom humor.
“Uma trama de relacionamentos, disputas, traições e morte! A saga de famílias antológicas que têm a sobrevivência e a perpetuação da espécie como fio condutor de uma longa história. Nela, veremos esses animais fantásticos lutando continuamente por sua vida, em busca de alimento, água e segurança para suas famílias”, descreve o INCAB/IPÊ.
E Felipe Moreli Fantacini, biólogo e principal roteirista da história, acrescenta:
“A nova versão da famosa novela Pantanal na TV Globo tem chamado muito a atenção com imagens lindíssimas e informações extremamente relevantes sobre o bioma e suas problemáticas. Com nossa novela, a ideia é aprofundar no universo desses animais e passar para o público informações relevantes bem como curiosidades sobre a s interações entre as antas em suas famílias, e porque não dizer, suas questões da vida na natureza , de forma leve e bem- humorada, traduzindo um pouco do que fazemos e descobrimos no campo”.
Capítulos quinzenais, até o final do ano
A novela foi lançada em 16 de maio no Facebook do INCAB (em breve, também no Instagram) e já está com dois capítulos no ar; indico os links abaixo. Até o final do ano, esta página será atualizada a cada novo capítulo.
Agora, se deleite com Rita, Benjamin, Justine, Felippe Lyon, Duda, Caio, Wie, Ariel e Jamie, entre outras estrelas desta trama, que ainda revela mistérios e belezas do cenário pantaneiro.
1º CAPÍTULO – Rita e o início da saga antológica
A doce e tranquila Rita tem dois metros e 15 centímetros de comprimento, mais de um metro de altura e pesa quase 250 kg. Os pesquisadores dizem que ela “transmite paz”.
Tinha cerca de 10 anos e estava no pico de sua vida reprodutiva quando foi capturada por eles pela primeira vez e ganhou um radio colar para monitoramento. Isso aconteceu em 4 de agosto de 2010. É a anta que mais tem contribuído para aprofundar o conhecimento da espécie.
O ‘Don Juan’ Benjamin (abaixo) se apaixonou por ela e, por isso, também aparece neste capítulo. Rita teve dois filhotes com seu grande amor, mas um deles desapareceu sem deixar vestígios.
2º CAPÍTULO – O amor chegou ao Pantanal
Felippe era um jovem adulto, com cerca de 4 anos de idade, quando foi capturado pelos pesquisadores pela primeira vez, em 2010. E logo revelou-se “um baixinho esquentado, de poucos amigos, que mostra os dentes, bate as patas levantando poeira, avança nas pessoas, pula, vocaliza e faz spray de urina!”.
Em 2011, atraído pelo cheiro de uma fêmea que acabara de chegar na Fazenda Baía das Pedras, caiu em uma das armadilhas dos cientistas. Ergueu o focinho para melhor decifrar o odor dessa fêmea e se apaixonou perdidamente!
Mas quem era ela? Justine, uma anta lindíssima e cheia de charme, com apenas dois anos. Seus passos silenciosos e meigos encantaram muitos pretendentes, não apenas o moço bravo do início desta história.
Ao contrário de Felippe, que é o ‘terror dos pesquisadores’, Caio é “um cara mais tranquilão, boa gente, de simpatia incomparável”. Os pesquisadores contam que, após receber o colar de telemetria, “ele foi liberado para correr em busca de seus sonhos!”.
E isso aconteceu no momento certo porque ele encontrou Duda, uma fêmea adulta, altíssima e esbelta, que já estava com seu colar de monitoramento também em busca de um novo amor. Ela era viúva recente e tinha uma bebê, a Gabriela.
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Fotos: Divulgação/Incab