Mais uma vez o Pantanal sofre com os incêndios florestais, uma consequência da falta de chuvas na região, que deixa a vegetação mais seca, as altas temperaturas registradas nas últimas semanas, além da ocorrência de raios, que deflagram as chamas. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos treze primeiros dias de novembro já foram registrados 2.387 focos de fogo, um número recorde para o mês – o maior dos últimos 25 anos. Em geral a média para esta época do ano é de 442 focos, ou seja, o observado agora é cinco vezes maior.
O norte do Pantanal é o mais afetado, sobretudo o Parque Estadual Encontro das Águas, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) Estância Dorochê e Poleiro Grande, no Mato Grosso. Há áreas de difícil acesso, onde os bombeiros demoram mais a chegar.
Além das várias brigadas locais e voluntários de organizações que atuam na região para combater o fogo, como a Alto Pantanal e a equipe do Instituto SOS Pantanal, o governo federal anunciou ontem (13/11) o envio de mais reforços, vindos da Defesa Civil e do Ministério da Defesa.
No sábado, 11/11, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) já tinham divulgado que estavam levando mais brigadistas e aeronaves para o norte pantaneiro.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, quase 300 brigadistas estão trabalhando naquela área. A atuação será coordenada em uma sala de situação em Porto Jofre (MT) e pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional Nacional (Ciman), que reúne mais de dez órgãos federais.
Imagem aérea mostra algumas das áreas queimando
(Foto: Gustavo Figueirôa / SOS Pantanal)
Impacto dos incêndios sobre a fauna do Pantanal
O grande temor de todos é que se repita no Pantanal o ocorrido em 2020. Naquele ano os incêndios florestais queimaram quase 30% do bioma e o fogo matou 17 milhões de animais.
O Parque Estadual Encontro das Águas, por exemplo, onde quase 36 mil hectares de vegetação foram queimados até agora, abriga a maior concentração de onças-pintadas do mundo.
“O berço das onças voltou a queimar e a situação ficou crítica muito rápido. Os incêndios no Parque Estadual Encontro das Águas retornaram com força e continuam destruindo esse santuário da biodiversidade. É urgente que o estado de Mato Grosso tenha um plano de prevenção de incêndios bem estruturado, caso contrário seguiremos ano após ano assistindo essas cenas”, denunciou o biólogo Gustavo Figueirôa, diretor do SOS Pantanal.
Há três anos várias onças morreram e outras precisaram ser resgatadas. Foi o caso de Amanaci, um dos símbolos daquela tragédia. Ela teve queimaduras de terceiro grau nas quatro patas, e apesar do tratamento recebido, não pode mais voltar à natureza e precisou ser mantida em cativeiro.
Nos últimos dias equipes do SOS Pantanal e o biólogo, fotógrafo e guia Ailton Lara, que estão na região mais afetada pelos incêndios, têm usado as redes sociais para alertar sobre a situação e divulgar vídeos e imagens do que está acontecendo.
Além deles, o Grad Brasil – Grupo de Resgate de Animais em Desastres – também se deslocou para lá.
Já é possível ver, infelizmente, vários animais vítimas do fogo: anfíbios, mamíferos, aves.
A imagem chocante de um macaco que não resistiu às queimaduras
(Foto: Ailton Lara)
Pra quem quiser ajudar o trabalho da Grad no Pantanal, o PIX para doações é o 04.085.146/0001-38.
Outra vítima dos incêndios no Pantanal
(Foto: reprodução Instagram Grad Brasil)
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Foto de abertura: Gustavo Figueirôa / SOS Pantanal