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Número de palestinos mortos por Israel em Gaza pode ultrapassar 186 mil, revela estudo publicado na revista científica The Lancet

Número de palestinos mortos por Israel em Gaza pode ultrapassar 186 mil, revela estudo publicado na revista científica Lancet

Ministério de Saúde de Gaza é a principal instituição que conta e divulga dados do conflito na Faixa de Gaza – além de organizações como o Crescente Vermelho. Hoje (8), os mártires do genocídio promovido por Israel há nove meses (em resposta desproporcional ao ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023), somam 38.193, e 87.903 pessoas foram feridas. Ao menos 40 morreram nas últimas 24 horas. A maioria, crianças, como sempre.

No entanto, de acordo com o estudo Contar os mortos em Gaza: difícil, mas essencial,publicado em 5 de julho na revista científica The Lancet – uma das mais antigas e prestigiadas revistas médicas do mundo – “os efeitos acumulativos da guerra de Israel em Gaza podem significar que o verdadeiro número de mortos poderá atingir mais de 186 mil pessoas”. 

O texto foi publicado na seção de correspondência da revista, o que significa que ainda não foi revisado por pares.

Assinado pelo cientista e pesquisadora Rasha Khatib (Advocate Aurora Research Institute), professor de saúde pública Martin McKee (London School of Hygiene and Tropical Medicine) e o cardiologista e epidemiologista Salim Yusuf, o estudo indica que o número de mortos é muito maior do que apontam os números oficiais porque estes não levam em conta milhares de mortos soterrados sob escombros (estima-se que sejam, no mínimo, dez mil) mortes indiretas devido à “destruição de instalações de saúde, sistemas de distribuição de alimentos e outras infraestruturas públicas”.

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Para além da violência direta – promovida por soldados israelenses diariamente por meio de armas, aviões, tanques e drones – o conflito tem implicações indiretas para a saúde dos palestinos. Mesmo que o genocídio em Gaza termine agora, continuará a produzir muitas mortes nos próximos meses e anos devido a doenças e à desnutrição.

Além disso, deve-se levar em conta que grande parte da infraestrutura de Gaza foi destruída, há escassez de alimentos, água e abrigo e que a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina) teve seu financiamento cortado por países doadores. 

Vale lembrar que isso aconteceu devido às mentiras contadas por Israel a respeito da participação de membros do órgão no ataque do Hamas. O país nunca provou a acusação, que causou dano humanitário gigantesco.

“Em conflitos recentes, essas mortes indiretas variam de três a 15 vezes o número de mortes diretas”, afirma o documento.

O texto conclui que, após aplicar “estimativa conservadora” de quatro mortes indiretas para cada morte direta, “não é implausível estimar” que 186 mil palestinos (ou até mais) tenham sido assassinados no conflito em Gaza. Ou seja, 8% da população de Gaza, antes do início dos ataques de Israel, que era de 2,3 milhões.

“Relatório de 7 de fevereiro de 2024, na época em que o número direto de mortes era estimado em 28 mil, estimou que, sem um cessar-fogo haveria entre 58.260 mortes (sem epidemia ou escalada) e 85.750 mortes (se ambas ocorressem) até 6 de agosto, conta o estudo.

Khatib, McKee e Yusuf também destacam que os serviços de inteligência israelitas, a ONU e a OMS (Organização Mundial de Saúde) concordam que “as alegações de fabricação de dados feitas contra as autoridades palestinianas em Gaza sobre o seu número de mortos são implausíveis”.

O documento produzido pelos pesquisadores diz, ainda, que o número de vítimas foi influenciado pela destruição das infraestruturas em Gaza que, provavelmente, tem tornado extremamente difícil manter uma contagem que não seja inferior ao número real de mortos. 

Até 29 de fevereiro, estima-se que 35% dos edifícios na Faixa de Gaza tinham sido destruídos. Mas, a análise realizada por Corey Sher, da Universidade da Cidade de Nova York (CUNY) e Jamon Van Den Hoek, da Universidade do Estado do Oregon, nos EUA, e divulgada em janeiro pela BBC, indica que entre 144 mil e 175 mil edifícios haviam sido danificados ou destruídos, o que representaria entre 50% e 61% das edificações. Hoje, avistada por drone, Gaza parece completamente devastada. 

Documentar a verdadeira escala é crucial para garantir a responsabilização histórica e reconhecer o custo total da guerra. É também uma exigência legal”, frisa.

É importante destacar também os registros de mortos não identificados. Agora, o Ministério de Saúde de Gaza reporta separadamente esses números no total de mortos. Em 10 de maio, por exemplo, 30% dos 35.901 assassinados não haviam sido identificados. 

Por outro lado, de acordo com “a ONG Airwars, que realiza avaliações detalhadas de incidentes na Faixa de Gaza, nem todos os nomes das vítimas identificáveis estão incluídas na lista do ministério”.

O estudo também lembra que o Tribunal Internacional de Justiça (TPI – Tribunal Penal Internacional de Haia) declarou, em decisões provisórias tomadas em janeiro, levando em conta que um caso de genocídio movido contra Israel, que o país precisava “tomar medidas eficazes para evitar a destruição e garantir a preservação de provas relacionadas com alegações de atos” no âmbito do genocídio. Como sabemos, Israel ignorou o TPI, declaradamente.

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Foto: IRNA/Fotos Públicas

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