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Nemo, ou melhor, o peixe-palhaço, consegue encolher para sobreviver a ondas de calor

Nemo, ou melhor, o peixe-palhaço, consegue encolher de tamanho para sobreviver ondas de calor

Não há como dissociar o peixe-palhaço (Amphirion ocellaris) do nome que o tornou famoso para crianças do mundo inteiro: Nemo! Na animação da Pixar, de 2003, Nemo é um jovem peixe, capturado inesperadamente por um mergulhador, e seu pai Marlin faz de tudo para resgatá-lo.

Nativa dos Oceanos índico e Pacífico, a espécie vive no meio das anêmonas, em recifes de corais, onde se protege de predadores. Todavia, nos últimos anos, o peixe-palhaço tem enfrentado outro desafio, assim como outros milhares de animais marinhos: o aumento da temperatura dos oceanos.

Mas o que cientistas acabam de descobrir é que esse famoso peixinho desenvolveu uma estratégia inusitada para enfrentar o calor – ele consegue encolher, ou melhor, reduzir seu tamanho, e assim suportar o estresse térmico.

“Não se trata apenas de emagrecer sob condições estressantes; esses peixes estão, na verdade, ficando menores. Ainda não descobrimos exatamente como eles fazem isso, mas sabemos que alguns outros animais também podem fazer isso. Por exemplo, iguanas marinhas podem reabsorver parte de seu material ósseo para também encolherem em períodos de estresse ambiental”, revela Melissa Versteeg, pesquisadora da Escola de Ciências Naturais e Ambientais da Universidade de Newcastle e principal autora do estudo, divulgado na revista Science Advances nesta quarta-feira (21/05).

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Durante vários meses, a pesquisadora e seus colegas mediram 134 peixes-palhaços, pelo menos uma vez por mês, na Baía de Kimbe, na Papua Nova Guiné. Simultaneamente, eles monitoraram a temperatura da água.

“Ficamos tão surpresos ao ver o encolhimento desses peixes que, para garantir, medimos cada indivíduo repetidamente ao longo de um período de cinco meses. No final, descobrimos que isso era muito comum nessa população. Durante nosso estudo, 100 peixes, dos 134 que estudamos, diminuíram de tamanho”, diz Melissa. “Foi uma surpresa ver a rapidez com que os peixes-palhaço se adaptam a um ambiente em mudança e testemunhamos a flexibilidade com que eles regulavam seu tamanho, como indivíduos e como casais reprodutores, em resposta ao estresse térmico, como uma técnica bem-sucedida para ajudá-los a sobreviver.”

Segundo os autores do estudo, a redução de tamanho durante as ondas de calor aumenta a chance de sobrevivência da espécie em até 78%. Eles afirmam que esta é a primeira vez que um peixe de recife de coral demonstra reduzir o comprimento do corpo em resposta a condições ambientais e sociais.

*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Universidade de Newcastle

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Foto de abertura: Chung Jin Mac from Pixabay

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