O presente não poderia ter sido melhor! No dia em que o Zoológico de São Paulo comemorou 66 anos, nasceu ali um novo filhote de arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), espécie endêmica da Bahia, só encontrada na natureza nessa região e em nenhum outro lugar do mundo, e que está ameaçada de extinção. O momento exato da eclosão do ovo foi gravado ao vivo (assista ao vídeo ao final deste texto).
“O Zoo SP foi o primeiro no continente americano que obteve sucesso na reprodução [em cativeiro] de seus indivíduos. Essa espécie também faz parte de um Programa de Conservação que visa a reintrodução de indivíduos ao seu habitat natural!”, compartilhou o zoológico em suas redes sociais.
A arara-azul-de-lear tem a plumagem toda em um tom de azul vibrante e apenas dois pontos amarelos na face, um deles em volta dos olhos. Todavia, essa ave brasileira belíssima quase foi levada à extinção por causa do tráfico de animais silvestres e pela perda de habitat. Em 2001, foram registrados pouco mais de 200 indivíduos na região ao norte da Bahia, o único refúgio da espécie.
Duas décadas depois, graças a esforços de conservação, o mais recente censo apontou que nas áreas do Raso da Catarina e do Boqueirão da Onça já são cerca de 2.250 aves. Apesar do aumento de sua população, a arara-azul-de-lear ainda é classificada como em “perigo de extinção” (leia mais aqui).
Arara-azul-de-lear: entre as aves mais traficadas do Brasil
Uma das principais ameaças à arara-azul-de-lear continua sendo o tráfico internacional. Recentemente 29 delas foram apreendidas em uma embarcação no Togo. Graças a uma rápida cooperação entre instituições brasileiras e africanas, as aves e também, micos-leões-dourados que estavam no barco, já foram repatriados.
Dias antes desse caso, no começo de fevereiro, duas mulheres de nacionalidade ucraniana foram presas com ovos da espécie, que seriam contrabandeados para o exterior.
E no final do ano passado, outras 29 aves da mesma espécies foram encontradas no Suriname. Entretanto, o caso teve um desfecho lamentável. Na noite anterior à repatriação para o Brasil, elas foram roubadas do local onde estavam guardadas (leia mais aqui).
Duas aves em pleno voo em seu habitat natural, a Caatinga baiana
Foto: João Marcos Rosa
Outra ameaça que aves da Caatinga enfrentam é o avanço dos complexos eólicos no bioma. A região Nordeste concentra 90% desses empreendimentos no Brasil e 85% deles estão no bioma, a maior parte nos estados do Rio Grande do Norte e na Bahia.
Só no APA do Boqueirão da Onça há quatro complexos de energia eólica. Um deles com 500 torres. Outros dois estão em expansão.
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Foto de abertura: divulgação